Mundo
Moeda paralela impulsiona comércio de cidade portuária
Após ser lançado em nicho reduzido em Volos, o TEM já compõe rede com mais de 800 membros


Presa em uma intensa crise da dívida pública, que deve derrubar o PIB do país em cerca de 5% neste ano, e pressionada a adotar profundas medidas de austeridade em troca de 130 bilhões de euros em ajuda internacional, a Grécia tenta encontrar saídas para seus problemas econômicos. Uma delas está em vigor há alguns meses na cidade portuária de Volos, a 326 quilômetros da capital Atenas, onde a população aderiu a uma “moeda” paralela ao euro.
O TEM, lançado em um nicho reduzido, ganhou espaço e já compõe uma rede com mais de 800 membros. Em um país onde os impostos aumentaram, o setor público cortou 15 mil empregos e os salários foram reduzidos para conter gastos do Estado, a moeda alternativa trouxe alívio ao comércio local e às famílias em dificuldade.
A moeda local facilita o escambo e proporciona poder de adquirir serviços e bens, explica Amir Khair, ex-secretário de Finanças em São Paulo e especialista em contas públicas. “Existem sociedades pequenas que fazem trabalhos comunitários nos quais a troca é dada por uma moeda e um banco especial que atribui a cada pessoa uma quantidade a sua sobrevivência. Nesse sentido, se inverte a lógica do sistema capitalista ao não se retribuir as pessoas conforme a produção delas, mas por suas necessidades. Esse modelo já existe e funciona.”
Segundo reportagem da BBC News, com o TEM é possível comprar no mercado central de Volos desde alimentos a aparatos elétricos. A moeda funciona como um sistema de trocas, pois ao oferecer serviços ou bens ganha-se crédito. Um euro tem valor igual a um TEM.
A medida, diz Khair, pode enfrentar problemas caso ocorra um processo concorrencial com produtos de fora da cidade. “Caso se condicione a moeda a compra de produtos locais, há a proteção da estrutura daquela comunidade, o que são regras diferentes do que se costuma ter no mercado capitalista.”
Antonio Carlos Alves dos Santos, doutor em economia e professor da PUC-SP, acredita que a moeda paralela também tem outro sentido. “Expressa simbolicamente o descontentamento nacional com o euro e à política que está sendo imposta ao país goela abaixo. Não há um impacto econômico significativo, mas o simbolismo desta ação no campo político é intenso.”
Khair concorda que a adoção da moeda, mesmo em escala reduzida no País, indica a insatisfação dos gregos com as medidas de austeridade impostas por União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu. “É uma reação popular, que antes não conseguiu se fortificar pelo abafamento do governo que passou um conjunto de propostas a reduzir direitos.”
Com o TEM, é possível comprar qualquer item oferecido na rede, o que proporciona “trocas inusitadas”, como créditos gerados com vendas de roupas de criança usadas para pagar aulas de línguas.
O sistema ganhou tamanha proporção, que é organizado online e os membros possuem contas de TEM das quais há débitos a cada transação virtual. “É atrativo porque as pessoas encontram esperança aqui. Acham algo para dar e receber”, diz Yiannis Grigoriou, o criador do sistema, à BBC News.
A ação tem o apoio inclusive do prefeito da cidade, Panos Skotiniotis. “É uma ótima saída para a profunda crise social e econômica. A iniciativa completa o euro, mas não o substitui.”
A medida, diz o especialista em contas públicas, pode até ser encarada como uma válvula de escape local, desde que gere atividade econômica, ao contrário das medidas que foram adotadas pelo país até o momento. “Caso isso ocorra, vai à direção correta e tende a ganhar apoio, o que a viabiliza.”
Presa em uma intensa crise da dívida pública, que deve derrubar o PIB do país em cerca de 5% neste ano, e pressionada a adotar profundas medidas de austeridade em troca de 130 bilhões de euros em ajuda internacional, a Grécia tenta encontrar saídas para seus problemas econômicos. Uma delas está em vigor há alguns meses na cidade portuária de Volos, a 326 quilômetros da capital Atenas, onde a população aderiu a uma “moeda” paralela ao euro.
O TEM, lançado em um nicho reduzido, ganhou espaço e já compõe uma rede com mais de 800 membros. Em um país onde os impostos aumentaram, o setor público cortou 15 mil empregos e os salários foram reduzidos para conter gastos do Estado, a moeda alternativa trouxe alívio ao comércio local e às famílias em dificuldade.
A moeda local facilita o escambo e proporciona poder de adquirir serviços e bens, explica Amir Khair, ex-secretário de Finanças em São Paulo e especialista em contas públicas. “Existem sociedades pequenas que fazem trabalhos comunitários nos quais a troca é dada por uma moeda e um banco especial que atribui a cada pessoa uma quantidade a sua sobrevivência. Nesse sentido, se inverte a lógica do sistema capitalista ao não se retribuir as pessoas conforme a produção delas, mas por suas necessidades. Esse modelo já existe e funciona.”
Segundo reportagem da BBC News, com o TEM é possível comprar no mercado central de Volos desde alimentos a aparatos elétricos. A moeda funciona como um sistema de trocas, pois ao oferecer serviços ou bens ganha-se crédito. Um euro tem valor igual a um TEM.
A medida, diz Khair, pode enfrentar problemas caso ocorra um processo concorrencial com produtos de fora da cidade. “Caso se condicione a moeda a compra de produtos locais, há a proteção da estrutura daquela comunidade, o que são regras diferentes do que se costuma ter no mercado capitalista.”
Antonio Carlos Alves dos Santos, doutor em economia e professor da PUC-SP, acredita que a moeda paralela também tem outro sentido. “Expressa simbolicamente o descontentamento nacional com o euro e à política que está sendo imposta ao país goela abaixo. Não há um impacto econômico significativo, mas o simbolismo desta ação no campo político é intenso.”
Khair concorda que a adoção da moeda, mesmo em escala reduzida no País, indica a insatisfação dos gregos com as medidas de austeridade impostas por União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu. “É uma reação popular, que antes não conseguiu se fortificar pelo abafamento do governo que passou um conjunto de propostas a reduzir direitos.”
Com o TEM, é possível comprar qualquer item oferecido na rede, o que proporciona “trocas inusitadas”, como créditos gerados com vendas de roupas de criança usadas para pagar aulas de línguas.
O sistema ganhou tamanha proporção, que é organizado online e os membros possuem contas de TEM das quais há débitos a cada transação virtual. “É atrativo porque as pessoas encontram esperança aqui. Acham algo para dar e receber”, diz Yiannis Grigoriou, o criador do sistema, à BBC News.
A ação tem o apoio inclusive do prefeito da cidade, Panos Skotiniotis. “É uma ótima saída para a profunda crise social e econômica. A iniciativa completa o euro, mas não o substitui.”
A medida, diz o especialista em contas públicas, pode até ser encarada como uma válvula de escape local, desde que gere atividade econômica, ao contrário das medidas que foram adotadas pelo país até o momento. “Caso isso ocorra, vai à direção correta e tende a ganhar apoio, o que a viabiliza.”
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