Política
A posição dos aliados de Lula sobre José Múcio após os atos terroristas
Em reunião, o Conselho Político do governo foi unânime sobre o ministro da Defesa. Posição será levada por Gleisi Hoffmann ao presidente


Partidos aliados de Lula (PT), que compõem o Conselho Político do governo, criticaram em reunião o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, por sua atuação nos primeiros dias da gestão petista. As posições serão levadas ao presidente por Gleisi Hoffmann (PT).
Pesou contra Múcio a não condenação dos acampamentos bolsonaristas que se formaram em frente a Quartéis Generais do Exército logo após a confirmação da vitória de Lula no segundo turno da eleição nacional de 2022.
“A reunião foi unânime em avaliar que as declarações de Múcio foram desastrosas”, disse um integrante em caráter reservado a CartaCapital. Participam do Conselho, além do PT, o PSB, Solidariedade, PV, PSOL, PCdoB, Rede, Agir, PROS, Avante, PDT, PSD, MDB e Cidadania.
O ministro chegou a revelar que tinha amigos e parentes acampados e que nem todos os participantes eram radicais. “Eu acho que aquilo [as manifestações] vai se esvair”, apostou durante sua posse.
Os acampamentos só foram desmontados na segunda-feira 9, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, após os atos terroristas promovidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Brasília.
Na terça-feira 10, foi noticiada a possibilidade de renúncia de Múcio por uma suposta insatisfação de Lula com as posições do ministro. A pasta, no entanto, negou.
Logo após a eleição, Múcio e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), divergiram publicamente sobre os radicais bolsonaristas em frente aos QGs. Enquanto o segundo cobrava uma atuação mais enérgica contra os golpistas, o titular da Defesa classificava como “manifestação democrática”.
Após os atos criminosos na capital federal e as novas ameaças, entre aliados de Lula, há quem defenda um nome menos conciliador para o lugar de Múcio.
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