Esporte

Rei único para sempre

Ele foi o Brasil. É um rei sem sucessores, um rei definitivo

Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé. Foto: Caio Leal/AFP
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Quando fui chamado pela família Mesquita para dirigir o Jornal da Tarde, Oldemário Touguinhó, repórter esportivo do Jornal do Brasil, ligou do Rio para sugerir a manchete da primeira edição, que iria às bancas na tarde daquele dia. Disse o Touguinhó: a manchete que eu proponho é a seguinte: “Pelé casa no Carnaval”. Foi, de fato, esta a primeira manchete do jornal.

Acho que Pelé representou algo bastante profundo para este País. Chego a confundi-lo com o próprio nome Brasil. Ele foi o Brasil. É um rei sem sucessores, um rei único e definitivo. Com ele no barco, tudo sempre foi muito bem, desde a estreia na Suécia até a final do Mundial de 1970, quando a seleção canarinho derrotou a Itália por 4 a 1. Nem por isso ele encerrou sua carreira naquele momento. Continuou jogando com uma qualidade excepcional, que nunca mais foi igualada.

Vimos recentemente no Mundial de futebol, esse Mundial como de hábito manchado pela corrupção de quem o organiza, alguns jogadores de notável qualidade, mas ninguém chegou à condição de alguma forma lembrar Pelé. Pelé é definitivo e é uma lembrança para sempre.

Cheguei a conhecê-lo em várias ocasiões, e numa delas nós descobrimos, por incrível que pareça, que tínhamos a mesma altura, e esta é uma recordação realmente forte no meu currículo, antes de indivíduo do que de jornalista. Sócrates, grande jogador e notável ao recordá-lo em algumas situações verdadeiramente pungentes, me disse certa vez: “Pelé é realmente um atleta perfeito”. Disse com convicção e ênfase.

Confesso que nunca imaginei que eu teria de me manifestar a respeito do passamento de Pelé. E agora me toma uma grande tristeza diante de um fenômeno da vida, a soletrar que vida e morte são as faces da mesma medalha. Nem por isso é consolo. Na minha vida, Pelé é de verdade uma recordação nítida e para sempre.

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