Mundo
Trumpista filho de brasileiros admite que mentiu em currículo
O americano de origem brasileira eleito para o Congresso dos Estados Unidos pelo Partido Republicano enfrenta um clamor crescente para que renuncie
O americano de origem brasileira eleito para o Congresso dos Estados Unidos pelo Partido Republicano enfrenta, nesta terça-feira 27, um clamor crescente para que renuncie após admitir que inventou grande parte de seu currículo.
George Santos, filho de imigrantes brasileiros nascido no Queens, ajudou o Partido Republicano a conseguir uma estreita maioria na Câmara de Representantes ao se eleger deputado por um distrito de Nova York nas eleições de meio de mandato de novembro.
Mas uma investigação do jornal New York Times colocou em dúvida aspectos sobre sua educação e experiência revelados durante a campanha eleitoral.
Santos reconheceu ontem, em duas entrevistas diferentes, que havia inventado partes significativas de seu currículo: confessou que não se graduou na universidade, e que não trabalhou nos bancos Citigroup e Goldman Sachs, apesar de tê-lo afirmado antes.
Contudo, o político republicano se recusou a renunciar à sua cadeira no Congresso, que ele deve assumir em 3 de janeiro.
“Não sou um criminoso”, disse Santos ao New York Post, despertando comparações com a declaração de 1973 “Não sou um ladrão” do então presidente americano Richard Nixon, que acabou renunciando ao cargo no ano seguinte.
Santos se desculpou por “embelezar” o seu currículo, mas algumas de suas justificativas beiram o absurdo, em particular a defesa de sua falsa afirmação de que era judeu.
“Sou católico. Como soube que minha família materna tinha um passado judeu, eu disse que era ‘judeu'”, declarou ao Post.
Seus rivais democratas também cogitam a possibilidade de que Santos tenha mentido sobre suas finanças, o que suporia infringir a lei.
Vários membros do partido do presidente Joe Biden exigiram que o líder republicano da Câmara, Kevin McCarthy, convoque uma votação para expulsar Santos se ele não renunciar.
“Sua confissão lamentável não deveria tirar o foco das preocupações sobre possíveis crimes e corrupção”, tuitou Ritchie Torres, que integra a Câmara de Representantes por outro distrito de Nova York. “O Comitê de Ética DEVE investigar como ele fez dinheiro. Onde há fumaça, há fogo.”
Seu colega democrata Eric Swalwell, que representa um distrito da Califórnia, acusou Santos de “enganar os eleitores de Long Island por todo o seu currículo”, enquanto o estrategista democrata Kurt Bardella instou o republicano McCarthy a “exigir” a renúncia de Santos.
“Santos não deve ocupar um cargo no novo Congresso”, frisou.
Santos, que derrotou o democrata Robert Zimmerman em um distrito que se estende para ambos os lados de Queens e Long Island, é parte de uma “onda” republicana em Nova York que levou o partido à maioria de 222-212 assentos na Câmara dos Representantes em Washington.
Na semana passada, o deputado eleito publicou uma declaração de seu advogado acusando o NYT de “tentar manchar seu bom nome com estas acusações difamatórias”.
McCarthy foi perguntado por jornalistas no Congresso sobre as acusações, mas tem evitado responder até agora.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
China anuncia o fim da quarentena obrigatória de entrada ao país
Por AFP
Xi Jinping pede medidas para ‘proteger’ vidas em meio à explosão de casos de Covid-19 na China
Por AFP
ONU pede a talibãs fim das ‘terríveis’ restrições impostas às mulheres
Por AFP
ONGs suspendem atividades no Afeganistão após proibição de emprego a mulheres
Por AFP



