Mundo
Chávez, o calcanhar de aquiles do chavismo
Lesão é anunciada justamente no momento em que a campanha eleitoral começa a esquentar, com a direita unida em torno de um candidato


Dias após jornais do Brasil e da Venezuela publicarem boatos sobre uma suposta metástase do câncer do presidente Hugo Chávez, este admitiu, em 22 de fevereiro, ter uma nova lesão, provavelmente cancerígena. Embora ocorra na mesma região onde foi operado em 2011 (o que a faria uma recorrência local, e não metástase), exige nova cirurgia em Havana e, possivelmente, outra quimioterapia, justamente no momento em que a campanha eleitoral começa a esquentar, com a direita unida em torno de um candidato.
Dada a falta de transparência de Chávez em relação à sua doença e a identificação do seu movimento com sua personalidade, isso deve perturbar os simpatizantes que não sejam chavistas de carteirinha. Mesmo que o tratamento seja bem-sucedido, seu desempenho eleitoral e de seu partido serão certamente prejudicados.
O vice Elías Jaua é um personagem sem brilho próprio. Sexto a ocupar esse cargo desde o início do primeiro governo Chávez, há 13 anos, foi nomeado em janeiro de 2010, quando o vice anterior, coronel Ramón Carrizales, renunciou por “motivos pessoais” em companhia da esposa, ministra do Ambiente.
Jaua, que acumula uma vice-presidência algo decorativa com a função de ministro da Agricultura que já exercia, fez-se notar apenas pela fidelidade ao Comandante, que lhe permitiu permanecer a seu lado desde a fundação de seu partido em 1996, ao passo que as personalidades mais decisivas para a ascensão de Chávez nos anos 1990 e para sua bem-sucedida resistência ao golpe conservador de 2002 romperam com o presidente ou caíram em desgraça por diferentes motivos. Mesmo assim, não lhe foi confiada a Presidência interina quando o presidente foi internado em 2011 nem deve assumi-la desta vez.
Chávez, que mesmo após o tratamento oncológico insistia em pretender governar a Venezuela até 2024, continua a prejudicar a si mesmo e a seu movimento com a ilusão de ser insubstituível. Faltou-lhe na carreira o equivalente ao escravo que, nos desfiles triunfais da antiga Roma, segurava a coroa de louros do general vitorioso, mas lhe soprava repetidamente aos ouvidos: memento mori, “lembra-te de que és mortal”.
Dias após jornais do Brasil e da Venezuela publicarem boatos sobre uma suposta metástase do câncer do presidente Hugo Chávez, este admitiu, em 22 de fevereiro, ter uma nova lesão, provavelmente cancerígena. Embora ocorra na mesma região onde foi operado em 2011 (o que a faria uma recorrência local, e não metástase), exige nova cirurgia em Havana e, possivelmente, outra quimioterapia, justamente no momento em que a campanha eleitoral começa a esquentar, com a direita unida em torno de um candidato.
Dada a falta de transparência de Chávez em relação à sua doença e a identificação do seu movimento com sua personalidade, isso deve perturbar os simpatizantes que não sejam chavistas de carteirinha. Mesmo que o tratamento seja bem-sucedido, seu desempenho eleitoral e de seu partido serão certamente prejudicados.
O vice Elías Jaua é um personagem sem brilho próprio. Sexto a ocupar esse cargo desde o início do primeiro governo Chávez, há 13 anos, foi nomeado em janeiro de 2010, quando o vice anterior, coronel Ramón Carrizales, renunciou por “motivos pessoais” em companhia da esposa, ministra do Ambiente.
Jaua, que acumula uma vice-presidência algo decorativa com a função de ministro da Agricultura que já exercia, fez-se notar apenas pela fidelidade ao Comandante, que lhe permitiu permanecer a seu lado desde a fundação de seu partido em 1996, ao passo que as personalidades mais decisivas para a ascensão de Chávez nos anos 1990 e para sua bem-sucedida resistência ao golpe conservador de 2002 romperam com o presidente ou caíram em desgraça por diferentes motivos. Mesmo assim, não lhe foi confiada a Presidência interina quando o presidente foi internado em 2011 nem deve assumi-la desta vez.
Chávez, que mesmo após o tratamento oncológico insistia em pretender governar a Venezuela até 2024, continua a prejudicar a si mesmo e a seu movimento com a ilusão de ser insubstituível. Faltou-lhe na carreira o equivalente ao escravo que, nos desfiles triunfais da antiga Roma, segurava a coroa de louros do general vitorioso, mas lhe soprava repetidamente aos ouvidos: memento mori, “lembra-te de que és mortal”.
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