Política
Associação de magistrados analisa expulsão de desembargador que defendeu prisão de Moraes
Desembargador aposentado, Sebastião Coelho, que acusou o ministro de tortura, foi aplaudido em pé no Senado


Integrantes da Associação dos Magistrados Brasileiros apresentaram, nesta sexta-feira 22, um pedido de expulsão do desembargador aposentado do Distrito Federal, Sebastião Coelho dos quadros da entidade.
Em audiência no Senado Federal que discutia a fiscalização das inserções de propagandas políticas eleitorais, na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor, Coelho voltou a defender a prisão do ministro do Supremo Tribunal Alexandre de Moraes, a quem atribui o crime de tortura.
O desembargador aposentado defendeu, pela primeira vez, a detenção do ministro em cima de um carro de som, em frente ao Quartel-General em Brasília, em 20 de novembro, diante de um acampamento de manifestantes golpistas.
O pedido encaminhado para à presidente da associação, juíza Renata Gil, critica a postura do ex-magistrado em atos que defendem golpe militar e questionam o resultado das eleições.
“Não é necessário lembrar que os manifestantes mobilizados no bloqueio de estradas estão praticando grave atentado contra a ordem democrática, e somente não foram dispersados completamente pela complacência das autoridades que seriam responsáveis por tal desocupação”, dizem os associados.
Segundo Coelho, Moraes desrespeita a Constituição Federal. “Ele vem cometendo crimes. Se algum dos ministros do STF der habeas corpus para Alexandre de Moraes, eles também poderão ser presos. Vai fechar o STF? Não. Convoca-se os ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para substituir até que tudo se normalize. Não vamos desistir”, concluiu.
Em agosto, Coelho de aposentou do Tribunal de Justiça do DF e Territórios e renunciou à vice-presidência do Tribunal Regional Eleitoral do DF.
A alegação para a recusa de assumir o cargo foi a insatisfação dele com o STF e com o discurso de posse de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral, em que, segundo o ex-magistrado, o ministro estaria fazendo uma “declaração de guerra ao País”.
O discurso de posse de Moraes foi repleto de recados ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL), principalmente relacionado com o respeito ao processo eleitoral nacional.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

STF forma maioria para rejeitar ação de Bolsonaro contra Moraes por suposto abuso de autoridade
Por Marina Verenicz
Moraes pede penhora de aposentadoria de Roberto Jefferson
Por CartaCapital