Mundo
Rússia e China vetam resolução da ONU contra Síria
Países não aceitaram condenar repressão do regime de Bashar al-Assad, cujo as tropas mataram mais de 230 pessoas neste sábado


Rússia e China vetaram neste sábado 4 pela segunda vez um projeto de resolução no Conselho de Segurança da ONU que condena a repressão na Síria. A ação tinha o apoio dos demais países do principal organismo de decisão das Nações Unidas.
O veto ocorre após a oposição síria informar a morte de pelo menos 230 civis na madrugada de sexta-feira 3 para sábado, em decorrência de bombardeios à cidade de Homs.
Treze países votaram a favor do projeto proposto por nações árabes e europeias, que apóiam um plano da Liga Árabe para assegurar uma transição democrática na Síria.
Rússia e China, que possuem poder de veto no Conselho, porém, não aprovaram o texto, assim como haviam feito em 5 de outubro.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que o veto sino-russo “enfraquece o papel das Nações Unidas e da comunidade internacional neste momento em que as autoridades sírias deveriam escutar uma só voz, pedindo o fim imediato da violência contra o povo sírio.”
O novo texto da resolução substituiu outro mais duro, descartado de imediato pela Rússia, e não pedia explicitamente a retirada de Bashar al Assad do poder. As concessões incluídas, no entanto, continuaram sendo insuficientes para o país, tradicional aliado de Damasco.
O ministro das Relações Exteriores russo Serguei Lavrov já havia afirmado antes da reunião em Nova York que submeter o projeto à votação provocaria um “escândalo”. O chanceler disse, entretanto, que viajará a Damasco na terça-feira 7, acompanhado do diretor do serviço de inteligência exterior russo, para uma reunião com o presidente Bashar al-Assad.
Após dez meses de violência na Síria, que mataram mais de 5,4 mil pessoas, segundo a ONU, a comunidade internacional não consegue chegar a um acordo para deter a repressão no país.
Ataques
O Conselho Nacional Sírio (CNS), grupo oposicionista ao regime, denunciou a morte de mais de 230 civis na madrugada de sábado durante bombardeios a Homs – pela manhã, o grupo havia estimado as vítimas em 260 pessoas. As tropas de Bashar al-Assad negam a ação.
Com as restrições impostas pelo regime sírio ao trabalho da imprensa estrangeira é difícil confirmar o número exato de mortos com fontes independentes.
O balanço anunciado pela oposição, contudo, pode indicar o dia mais violento desde o início da revolta contra Assad em março de 2011.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ONG com sede em Londres, anunciou mais cedo a morte de ao menos 217 civis em diversos bairros de Homs na noite passada.
A organização denunciou ainda que pelo menos 12 civis morreram neste sábado e 30 ficaram feridos em um ataque das forças de segurança contra uma comitiva que participava em funerais em Daraya, perto de Damasco.
Os canais de notícias Al-Arabiya e Al-Jazeera exibiram imagens de dezenas de cadáveres espalhados nas ruas de Homs, epicentro da revolta. A violência na cidade provocou, inclusive, protestos de sírios de todo o mundo. As embaixadas do país no Cairo, Kuwait, Atenas e Londres foram atacadas a pedradas.
A Irmandade Muçulmana, que integra o CNS, pediu a abertura de uma investigação internacional sobre o ocorrido.
Em nota divulgada pela agência oficial Sana, o regime afirma que os civis mortos em Homs foram vítimas de disparos de homens armados e não de bombardeios. Também acusa determinados canais de televisão de estimular a violência.
Na sexta-feira, milhares de sírios protestaram em todo o país, particularmente em Damasco, para lembrar o 30º aniversário do massacre de Hama, durante a repressão da revolta da Irmandade Muçulmana por parte do regime de Hafez al-Assad, pai do atual presidente.
“Assassinato de civis”
O presidente americano, Barack Obama, acusou neste sábado o regime sírio de matar civis em um “ataque indescritível” na cidade de Homs e pediu sua renúncia. “Assad deve por fim agora a sua campanha de assassinatos e de crimes contra seu próprio povo. Deve dar um passo atrás e permitir que comece de imediato uma transição democrática”, afirmou em comunicado.
“Condeno firmemente o indescritível esse ataque e expresso minha profunda empatia com aqueles que perderam seus entes queridos”, completou.
Com informações AFP.
*Atualizado às 17h29 para acréscimo de informação.
Leia mais em AFP Movel.
Rússia e China vetaram neste sábado 4 pela segunda vez um projeto de resolução no Conselho de Segurança da ONU que condena a repressão na Síria. A ação tinha o apoio dos demais países do principal organismo de decisão das Nações Unidas.
O veto ocorre após a oposição síria informar a morte de pelo menos 230 civis na madrugada de sexta-feira 3 para sábado, em decorrência de bombardeios à cidade de Homs.
Treze países votaram a favor do projeto proposto por nações árabes e europeias, que apóiam um plano da Liga Árabe para assegurar uma transição democrática na Síria.
Rússia e China, que possuem poder de veto no Conselho, porém, não aprovaram o texto, assim como haviam feito em 5 de outubro.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que o veto sino-russo “enfraquece o papel das Nações Unidas e da comunidade internacional neste momento em que as autoridades sírias deveriam escutar uma só voz, pedindo o fim imediato da violência contra o povo sírio.”
O novo texto da resolução substituiu outro mais duro, descartado de imediato pela Rússia, e não pedia explicitamente a retirada de Bashar al Assad do poder. As concessões incluídas, no entanto, continuaram sendo insuficientes para o país, tradicional aliado de Damasco.
O ministro das Relações Exteriores russo Serguei Lavrov já havia afirmado antes da reunião em Nova York que submeter o projeto à votação provocaria um “escândalo”. O chanceler disse, entretanto, que viajará a Damasco na terça-feira 7, acompanhado do diretor do serviço de inteligência exterior russo, para uma reunião com o presidente Bashar al-Assad.
Após dez meses de violência na Síria, que mataram mais de 5,4 mil pessoas, segundo a ONU, a comunidade internacional não consegue chegar a um acordo para deter a repressão no país.
Ataques
O Conselho Nacional Sírio (CNS), grupo oposicionista ao regime, denunciou a morte de mais de 230 civis na madrugada de sábado durante bombardeios a Homs – pela manhã, o grupo havia estimado as vítimas em 260 pessoas. As tropas de Bashar al-Assad negam a ação.
Com as restrições impostas pelo regime sírio ao trabalho da imprensa estrangeira é difícil confirmar o número exato de mortos com fontes independentes.
O balanço anunciado pela oposição, contudo, pode indicar o dia mais violento desde o início da revolta contra Assad em março de 2011.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ONG com sede em Londres, anunciou mais cedo a morte de ao menos 217 civis em diversos bairros de Homs na noite passada.
A organização denunciou ainda que pelo menos 12 civis morreram neste sábado e 30 ficaram feridos em um ataque das forças de segurança contra uma comitiva que participava em funerais em Daraya, perto de Damasco.
Os canais de notícias Al-Arabiya e Al-Jazeera exibiram imagens de dezenas de cadáveres espalhados nas ruas de Homs, epicentro da revolta. A violência na cidade provocou, inclusive, protestos de sírios de todo o mundo. As embaixadas do país no Cairo, Kuwait, Atenas e Londres foram atacadas a pedradas.
A Irmandade Muçulmana, que integra o CNS, pediu a abertura de uma investigação internacional sobre o ocorrido.
Em nota divulgada pela agência oficial Sana, o regime afirma que os civis mortos em Homs foram vítimas de disparos de homens armados e não de bombardeios. Também acusa determinados canais de televisão de estimular a violência.
Na sexta-feira, milhares de sírios protestaram em todo o país, particularmente em Damasco, para lembrar o 30º aniversário do massacre de Hama, durante a repressão da revolta da Irmandade Muçulmana por parte do regime de Hafez al-Assad, pai do atual presidente.
“Assassinato de civis”
O presidente americano, Barack Obama, acusou neste sábado o regime sírio de matar civis em um “ataque indescritível” na cidade de Homs e pediu sua renúncia. “Assad deve por fim agora a sua campanha de assassinatos e de crimes contra seu próprio povo. Deve dar um passo atrás e permitir que comece de imediato uma transição democrática”, afirmou em comunicado.
“Condeno firmemente o indescritível esse ataque e expresso minha profunda empatia com aqueles que perderam seus entes queridos”, completou.
Com informações AFP.
*Atualizado às 17h29 para acréscimo de informação.
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