Jaques Wagner

sen.jaqueswagner@senado.leg.br

Senador (PT-BA). Foi governador da Bahia (2007-2015) e ministro do Trabalho (2003-2004), Defesa (2015) e Casa Civil (2015-2016).

Opinião

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Ciclo virtuoso

Na COP-27, a comitiva do futuro governo mostrou que o desenvolvimento sustentável estará no centro das decisões

Ciclo virtuoso
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União. “Não existem dois Brasis, nem dois planetas Terra”, discursou Lula. “Precisamos de mais empatia” - Imagem: Ahmad Gharabli/AFP
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A realização da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP-27, em Sharm el-Sheikh, no Egito, marca para o Brasil um importante momento de retomada da sua posição de prestígio diante da comunidade internacional. A maior prova disso foi a tão esperada participação do presidente Lula, celebrada por representantes de todos os países, lotando os espaços do evento.

Impressionante perceber que, mesmo antes de tomar posse novamente como presidente da República, Lula já é tratado com o respeito e a admiração só conferidos a um verdadeiro estadista. Por conta disso, ele iniciou sua missão de recuperar na COP-27 o protagonismo que o Brasil deixou de exercer nos últimos anos, devido à má condução das questões climáticas pelo atual governo.

Como presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal, tive a oportunidade de estar nesta COP e apresentar o resultado dos trabalhos desenvolvidos pelo colegiado nos últimos dois anos. Entre eles, a nossa participação no Observatório Parlamentar de Mudança Climática e Transição, iniciativa da Cepal/ONU, com o objetivo de trocar experiências com parlamentares da América Latina e do Caribe, sobre legislações ambientais.

Além disso, falei sobre o Fórum da Geração Ecológica, que encaminhou ao Congresso mais de 30 propostas de lei voltadas para a área ambiental, pensadas por 42 representantes da sociedade civil. Após 12 meses de trabalho intenso, apresentamos um arcabouço legislativo para ajudar o nosso país a caminhar com o restante do mundo, no sentido de proteger o meio ambiente e o planeta Terra, além de limitar os efeitos do aquecimento global.

Também participamos de debate com o Greenpeace sobre medidas de proteção da biodiversidade brasileira, que é a maior do planeta. Entre outros pontos, discutimos uma das pautas prioritárias desta conferência: o financiamento climático. Fica evidente que é fundamental que os países desenvolvidos cumpram a promessa de destinar verbas para apoiar, principalmente, países em desenvolvimento e populações que mantêm a floresta em pé e se encontram em situação de maior vulnerabilidade em relação aos impactos da crise climática.

Dialogamos com delegações de vários países e com representantes de importantes empresas. Esses encontros, sem dúvida, acontecerão agora com maior frequência, para voltarmos a fortalecer os nossos laços com o mundo. A partir de janeiro, o Brasil estará com todos os países da América Latina e do Caribe no trabalho de contenção do aquecimento global.

Assim como aconteceu em 2021, na Escócia, o encontro sediado este ano no Egito provou-se fundamental para repactuarmos metas fundamentais para garantir a sobrevivência do planeta e o futuro das próximas gerações. Espero que, com as decisões e os novos acordos firmados, possamos evoluir com os objetivos propostos e transformar em realidade o compromisso assumido para mitigar os estragos provocados pelas mudanças climáticas.

Foi dado o pontapé inicial para recuperar o protagonismo internacional do País

Sinto-me esperançoso, portanto, com o que o próximo governo Lula será capaz de produzir, principalmente em relação à questão ambiental. Tenho certeza de que o Brasil voltará a assumir uma posição relevante no plano internacional e se mostrará capaz de liderar globalmente a agenda de enfrentamento às mudanças climáticas.

Durante toda a sua campanha, o presidente Lula reiteradamente se comprometeu em colocar esse desafio no centro da sua política de governo. Ele já garantiu que a pauta ambiental terá máxima prioridade e que não há segurança climática para o mundo sem a Amazônia protegida. “Não existem dois Brasis, nem dois planetas Terra. Precisamos de mais empatia e mais confiança entre os povos. Superar e ir além dos interesses nacionais imediatos, para sermos capazes de tecer coletivamente uma nova ordem internacional que reflita necessidades para o presente e o futuro”, afirmou Lula em seu pronunciamento, na COP, no espaço da ONU.

Voltaremos, enfim, a ter um ambiente de diálogo mais saudável no Brasil. E a própria COP demonstrou que diversas entidades ambientais já se mostram confiantes e dispostas a trabalhar conosco. Como a Noruega, que voltará a colocar recursos no Fundo Amazônia, visando reduzir o desmatamento e contribuir para a preservação da maior floresta tropical do planeta.

A COP-27, portanto, consolida-se como o prenúncio de um novo ciclo virtuoso. Com novas parcerias e acordos, com a possibilidade de o Brasil voltar a mediar negociações, liderar ações e a ser tratado com prestígio e credibilidade. Aos olhos do mundo, nos tornamos novamente capazes de construir um país da diversidade, da agricultura de baixo carbono, das cidades sustentáveis, do respeito aos povos tradicionais, indígenas, quilombolas e de todo o povo brasileiro. E é assim, sob a liderança do presidente Lula, que voltaremos a sorrir e a inspirar o mundo novamente. •


*Senador pelo PT-BA.

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1235 DE CARTACAPITAL, EM 23 DE NOVEMBRO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Ciclo virtuoso “

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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