Política
PRF pede que Wikipédia tira do ar página que chama o diretor-geral da corporação de “bolsonarista”
Silvinei Vasques pediu votos para o presidente derrotado Bolsonaro às vésperas das eleições


A Polícia Rodoviária Federal enviou um ofício ao site Wikipédia pedindo a exclusão de uma página que identifica o diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques, como “bolsonarista”.
O documento ainda pede que sejam identificados os usuários que editaram as informações da página e acrescentaram a referência.
O site se assemelha a uma enciclopédia, mas é colaborativo, permitindo que pessoas cadastradas possam fazer alterações nos conteúdos das páginas, desde que aponte a fonte das informações.
A fonte citada no site para caracteriza Vasques como “bolsonarista”, cita uma matéria que mostra que o diretor-geral pediu votos para o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais antes do segundo turno do pleito.
A corporação foi acusada de violência política por realizar blitze durante as eleições, no dia 30 de outubro, podendo ter dificultado o livre exercício do voto de eleitores de todo o País, principalmente do Nordeste, maior colégio eleitoral do presidente eleito Lula (PT).
A conduta de Vasques também será analisada durante os protestos golpistas realizados por militantes bolsonaristas após a derrota do ex-capitão nas urnas. O Ministério Público Federal busca entender se houve demora deliberada para a desmobilização dos protestos golpistas nas rodovias.
A página que contém o perfil de Vasques ainda cita processos disciplinares abertos contra o diretor-geral, sendo um delas pela agressão de um frentista em Goiás. Ambos foram colocados sob sigilo de 100 anos.
No documento enviado à Wikipédia, a PRF afirma que houve “exposição indevida” da corporação e do seu “dirigente máximo”.
“Saliente-se que o conteúdo tem o viés nitidamente político e a inserção de informações pejorativas sobre o dirigente da Instituição ultrapassa os limites do exercício regular do direito de informar. Evidentemente, o direito à informação não exclui garantias individuais, pois encontra nelas os seus limites, devendo-se atentar ao dever de resguardar direitos, vez que os dados divulgados manipulam a opinião pública”, diz um trecho do documento assinado pelo diretor de Inteligência da PRF Luís Carlos Resichak Júnior.
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