

Opinião
A diplomacia chinesa
O país promete apostar no multilateralismo e em um desenvolvimento benéfico a todos


Neste momento, a China aproxima-se da proeminência na geopolítica e essa transformação histórica requer base teórica sólida para a diplomacia do país desenvolver uma visão profunda sobre os assuntos globais, estratégias e grandes ideias e propostas. Como disse Xi Jinping: “A diplomacia é a expressão concentrada da vontade nacional e devemos insistir que seu poder recaia sobre o Comitê Central do partido e uma liderança centralizada e unificada”.
Assim resumo o pensamento de Jinping para a diplomacia.
Metas
Construir uma comunidade internacional com um futuro compartilhado para a humanidade;
Abrir o caminho de modernização ao estilo chinês para todo o planeta;
Oferecer as diretrizes de ação para o cumprimento das principais responsabilidades e obrigações internacionais, melhorando o apelo e a influência das ideias e soluções chinesas.
Princípios
A liderança partidária é a característica mais distinta da diplomacia;
Planejamento estratégico, pensamento científico, histórico e inovador, além de trabalho duro;
Valer-se do materialismo dialético e histórico para avaliar o desenvolvimento da sociedade humana;
Combinar o sonho chinês com o sonho do mundo, o desenvolvimento da China com o desenvolvimento do mundo;
Usar a sabedoria e a força chinesas para reformar o sistema de governança global;
Opor-se ao unilateralismo e promover o multilateralismo;
Rejeitar a tese de “superioridade das civilizações” e “choque de civilizações”;
Promover igualdade, aprendizado mútuo, diálogo e tolerância;
Um país forte não precisa buscar hegemonia;
Opor-se à mentalidade da Guerra Fria;
Resistir à pregação arrogante, aprender com todas as realizações benéficas da civilização humana, defender a tolerância mútua de diferentes sistemas sociais e caminhos de desenvolvimento;
Consulta constante aos demais, contribuição conjunta e benefícios compartilhados;
Abandonar a lógica ultrapassada do “jogo de soma zero”;
Salvaguardar a dignidade do país e a segurança do sistema;
No caso de Taiwan, Hong Kong, Xinjiang, Tibete e assuntos marítimos, defender os principais interesses da China e impedir qualquer tentativa de minar a soberania territorial e interferência nos assuntos internos.
Estratégias
Apostar em grandes projetos: Belt and Road Initiative, Iniciativa de Desenvolvimento Global, Iniciativa de Segurança Global;
Apoiar os organismos multilaterais, como a ONU, os BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai;
Estabelecer novos mecanismos de cooperação internacional, como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e o Banco de Desenvolvimento dos BRICS;
Firmar parcerias com mais de 110 países e organizações regionais para formar um “círculo de amigos” em todo o mundo;
Avançar nas relações bilaterais: China-Rússia, China-EUA, China-Reino Unido, China-Alemanha, China-Japão, China-Mundo Árabe, China-África, China-América Latina;
Desenvolver relações com partidos governantes de países socialistas, grandes legendas em países vizinhos e agremiações em países em desenvolvimento;
Ampliar o convite a líderes de partidos políticos estrangeiros, estudiosos de think tanks, personalidades da mídia e chefes de ONGs para visitar a China;
Compartilhar experiências na construção partidária, desenvolvimento econômico, alívio da pobreza e governança social;
Promover fóruns internacionais;
Coordenar com outros países o enfrentamento de desafios de segurança não tradicionais, como terrorismo e segurança cibernética;
Participar nas operações de manutenção da paz da ONU (a China contribui com o maior número de pacificadores);
Encorajar diplomatas chineses a se afirmar no cenário externo;
Aproveitar várias plataformas que permitam ao país levar ao mundo seus princípios diplomáticos.
Xi Jinping resume seu pensamento diplomático desta maneira: “O Partido Comunista Chinês busca a felicidade para o povo chinês e também se esforça pela causa do progresso humano. Sempre considera fazer novas e maiores contribuições para a humanidade como sua missão”. •
PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1234 DE CARTACAPITAL, EM 16 DE NOVEMBRO DE 2022.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A diplomacia chinesa”
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.