Política
Vice-líder de Bolsonaro na Câmara vê ‘movimento acertado’ de Lula em relação a Lira
O apoio do PT é alvo de cobiça de Lira, que trabalha pela sua recondução ao comando da Câmara


Os acenos do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao deputado Arthur Lira (PP-AL) têm sido vistos como um “movimento acertado” pelo vice-líder do governo Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE).
Em conversa com CartaCapital nesta terça-feira 8, Ribeiro afirmou que o gesto direcionado a partidos como o PP é necessário para que o petista construa apoio parlamentar para governar.
“Lula precisa fazer esse aceno, até por que reflete o resultado das urnas”, avalia. “Eleição se ganha nos extremos, mas governo deve ser de centro, para atender as necessidades de todo o país, não só de um nicho específico.”
Para o deputado, a ‘reciprocidade’ de Arthur Lira em relação a Lula – das primeiras autoridades do entorno do ex-capitão a reconhecer a vitória do petista – não deve ser vista por aliados de Bolsonaro como uma ‘apunhalada’.
“O presidente Lula foi eleito e o resultado reconhecido pela Justiça Eleitoral. As instituições são perenes e devem fluir normalmente com o seu funcionamento”, disse. “Arthur é o atual presidente da Câmara dos Deputados e deve dialogar com o Executivo constantemente”.
Na quarta-feira 9, Lula deve se encontrar com Lira na residência oficial da Câmara. Será a primeira vez que os dois se reúnem. Durante a campanha eleitoral, o petista chegou a endereçar críticas ao cacique do Centrão pelo controle do Orçamento Secreto, mas recuou no segundo turno, após ser aconselhado por aliados de que os petardos impediriam a construção de um acordo que viabilizasse a governabilidade.
O encontro deve ter como principal pauta a PEC para viabilizar o Auxílio Brasil – que voltará a ser chamado de Bolsa Família – no valor de 600 reais. Em outra frente, o presidente eleito também deve tratar da relação do Congresso com o Executivo.
Como mostrou CartaCapital, o PP espera um “gesto” de Lula sobre a disputa pelo Comando da Câmara para começar a discutir internamente um apoio da sigla à gestão petista, segundo o presidente nacional da sigla, Cláudio Cajado.
O apoio do PT é alvo de cobiça de Lira, que trabalha pela sua recondução ao comando da Câmara. Nas hostes petistas, apesar de uma avaliação positiva sobre a postura do deputado frente à troca de guarda no governo, não existe consenso sobre um eventual apoio à reeleição do cacique do Centrão.
Parlamentares ouvidos pela reportagem afirmaram que este pode ser um “passo perigoso”. A principal mágoa, dizem, seria o fato de Lira ter engavetado os mais de 140 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, muitos deles protocolados pelo PT. Ressaltam, no entanto, que a prioridade é abrir caminho no Orçamento para as propostas do novo governo.
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