Mundo
Investigação apura erro coletivo no desastre
Em ligação telefônica grampeada, Francesco Schettino afirma ter sido orientado a se aproximar da Ilha de Giglio por ex-comandante da empresa dona do Costa Concordia
Quase duas semanas após o navio Costa Concordia ter encalhado na costa da Toscana, na Itália, deixando 16 mortos até o momento, surgem novos detalhes sobre as ações do comandante da embarcação, Francesco Schettino, acusado pela promotoria italiana de homicídio e abandono do navio.
Um grampo no telefone de Schettino aponta que ele consultou outra pessoa antes de realizar a manobra de reverência à Ilha de Giglio. Segundo a imprensa italiana, o comandante disse a um amigo em uma ligação após o acidente que um “manager” (não identificado) teria insistido fortemente para o navio passar próximo à ilha para uma “reverência”. “Reverência” é o jargão usado quando um navio passa próximo de uma localidade para saldar os moradores, geralmente com alarde.
Na conversa interceptada, o comandante afirma saber da existência de um banco de areia na região, mas este não estava assinalado nos instrumentos de navegação e, por isso, resolveu seguir com a manobra.
Outro fator que teria levado o comandante à decisão teria sido uma conversa por telefone com Mario Palombo, um comandante de bordo aposentado da Costa Cruzeiros, dona do Concordia. Esse cenário, aponta o jornal italiano Corriere della Sera, parece confirmar a declaração do oficial de primeira ponte de comando Ciro Ambrosio aos investigadores.
Segundo Ambrosio e outra testemunha, Palombo disse a Schettino que ele poderia se aproximar mais da costa sem problemas. Mas Palombo desmentiu as alegações em um programa de televisão.
O comandante do Costa Concordia tinha a intenção de chegar a 0,5 milhas náuticas da costa, mas estava a 0,28 milhas, ou cerca de 520 metros da praia, no momento do choque com as rochas.
As reverências à ilha, de acordo com Corriere della Sera, eram cada vez mais frequentes e próximas da costa. As aproximações aconteceram ao menos quatro vezes nos últimos anos. Schettino, porém, não havia participado de nenhuma delas.
Depoimento
O Corriere della Sera e La Republica publicaram ainda detalhes do depoimento do comandante na última semana. Ele disse que a manobra de aproximação de Giglio “não foi um movimento inesperado”, mas sim “uma forma de publicidade” do local. Algo que já havia feito em outros locais do mundo.
No interrogatório, Schettino afirmou que a companhia de navegação o autorizou a executar da manobra. Por outro lado, o presidente da Costa Cruzeiros, Pier Luigi Foschi, negou ter dado tal permissão.
O comandante também justificou a demora de mais de uma hora para ativar o alarme, dizendo que precisa ter certeza da necessidade do aviso. “Não queria criar pânico desnecessário ou deixar passageiros na água para nada”, disse, ao reconhecer o ato como um erro.
Depois do acidente, Schettino disse ao telefone em tom agitado não querer mais comandar nenhum navio, aponta o Corriere.
Os investigadores verificam ainda a responsabilidade da Capitania dos Portos por permitir manobras arriscadas nas proximidades da ilha e a empresa por entregar o comando da embarcação a alguém como Schettino – que, conforme apontam os perfis escritos sobre o comandante, já aparentava ser uma pessoa instável e pouco confiável.
Quase duas semanas após o navio Costa Concordia ter encalhado na costa da Toscana, na Itália, deixando 16 mortos até o momento, surgem novos detalhes sobre as ações do comandante da embarcação, Francesco Schettino, acusado pela promotoria italiana de homicídio e abandono do navio.
Um grampo no telefone de Schettino aponta que ele consultou outra pessoa antes de realizar a manobra de reverência à Ilha de Giglio. Segundo a imprensa italiana, o comandante disse a um amigo em uma ligação após o acidente que um “manager” (não identificado) teria insistido fortemente para o navio passar próximo à ilha para uma “reverência”. “Reverência” é o jargão usado quando um navio passa próximo de uma localidade para saldar os moradores, geralmente com alarde.
Na conversa interceptada, o comandante afirma saber da existência de um banco de areia na região, mas este não estava assinalado nos instrumentos de navegação e, por isso, resolveu seguir com a manobra.
Outro fator que teria levado o comandante à decisão teria sido uma conversa por telefone com Mario Palombo, um comandante de bordo aposentado da Costa Cruzeiros, dona do Concordia. Esse cenário, aponta o jornal italiano Corriere della Sera, parece confirmar a declaração do oficial de primeira ponte de comando Ciro Ambrosio aos investigadores.
Segundo Ambrosio e outra testemunha, Palombo disse a Schettino que ele poderia se aproximar mais da costa sem problemas. Mas Palombo desmentiu as alegações em um programa de televisão.
O comandante do Costa Concordia tinha a intenção de chegar a 0,5 milhas náuticas da costa, mas estava a 0,28 milhas, ou cerca de 520 metros da praia, no momento do choque com as rochas.
As reverências à ilha, de acordo com Corriere della Sera, eram cada vez mais frequentes e próximas da costa. As aproximações aconteceram ao menos quatro vezes nos últimos anos. Schettino, porém, não havia participado de nenhuma delas.
Depoimento
O Corriere della Sera e La Republica publicaram ainda detalhes do depoimento do comandante na última semana. Ele disse que a manobra de aproximação de Giglio “não foi um movimento inesperado”, mas sim “uma forma de publicidade” do local. Algo que já havia feito em outros locais do mundo.
No interrogatório, Schettino afirmou que a companhia de navegação o autorizou a executar da manobra. Por outro lado, o presidente da Costa Cruzeiros, Pier Luigi Foschi, negou ter dado tal permissão.
O comandante também justificou a demora de mais de uma hora para ativar o alarme, dizendo que precisa ter certeza da necessidade do aviso. “Não queria criar pânico desnecessário ou deixar passageiros na água para nada”, disse, ao reconhecer o ato como um erro.
Depois do acidente, Schettino disse ao telefone em tom agitado não querer mais comandar nenhum navio, aponta o Corriere.
Os investigadores verificam ainda a responsabilidade da Capitania dos Portos por permitir manobras arriscadas nas proximidades da ilha e a empresa por entregar o comando da embarcação a alguém como Schettino – que, conforme apontam os perfis escritos sobre o comandante, já aparentava ser uma pessoa instável e pouco confiável.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

