Mundo
Um mórmon na Casa Branca?
Vários eleitores desaprovam a religião e enriquecimento duvidoso de Mitt Romney, mas sábado ele vencerá as prévias na Carolina do Sul por ser ‘moderado’


Ele é mórmon. Numerosos norte-americanos não acham nenhuma graça nisso. No entanto, no sábado 21 Mitt Romney provavelmente será o vencedor das prévias na Carolina do Sul. O motivo? Mórmon ou não, o ex-governador de Massachusetts de 64 anos seria, pelo menos em tese, o candidato republicano mais”‘moderado”, ou seja, aquele que mais se aproxima do cobiçado e nebuloso centro do tablado político.
Mas, independentemente do que se entende por “centro”, de acordo com recente pesquisa os norte-americanos preferem um mórmon a um judeu ou a um católico. Um presidente ateu ou muçulmano seria – e isso é óbvio – altamente indesejável.
Basta lembrar os finais de discursos de presidentes norte-americanos: “God bless America”, Deus abençoe a América (leia os Estados Unidos).
Agora, imagine se Obama – e até hoje há evangélicos extremistas a jurar que ele é muçulmano praticante – fosse realmente seguidor do Profeta e dissesse: “Deus abençoe a América”.
Romney, o mórmon “moderado”, atrairia os eleitores ditos “independentes” na Carolina do Sul e durante o resto da corrida à presidência em 6 de novembro.
O voto dos tais dos “independentes” depende das circunstâncias de cada pleito – e tem muito pouco a ver com inclinações políticas, e, no momento, religiosas.
Nesse contexto, nos próximos nove meses tudo pode acontecer. Crise econômica aparte, Obama poderia, por exemplo, criar o caos global numa guerra contra o Irã – sempre, claro, com o respaldo do lobby judeu nos EUA e do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Por sua vez, Romney tem rivais de peso na sua agremiação e poderia, portanto, ser superado. No momento, o principal de seus rivais responde por Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara dos Representantes, apenas 10 pontos porcentuais atrás de Romney. Em terceiro lugar está o extremista cristão Rick Santorum (16%), ex-governador da Pensilvânia e vencedor nas primeiras prévias, no Illinois.
Vale, no entanto, ressaltar: desde 1980, o republicano que ganhou na Carolina do Sul sempre venceu a designação final de sua legenda.
Mas nenhum republicano na dianteira era mórmon.
Numerosos republicanos não acreditam que – e entre eles a vasta maioria dos evangélicos extremistas – mórmons sejam “verdadeiros” cristãos. Não concordam, por exemplo, que Cristo tenha aparecido nos Estados Unidos após sua ressurreição. Também não acreditam que Cristo voltará para o Missouri. Por essas e outras, 68% dos mórmons acham que há preconceito contra sua religião.
Mas fé não se discute.
Para muitos cidadãos mundo afora Joseph Smith não passava de um charlatão: para seus seguidores ele foi o fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em 1820. Aos 15 anos esteve com Deus e Cristo. Em 1830 Smith publicou O Livro de Mórmon. Casou com 23 mulheres. Os mórmons foram perseguidos. Numa longa fuga Joseph Smith foi morto no Illinois aos 39 anos.
No final dos anos 1840 a Igreja Mórmon, embora não isenta de divisões, reabriu suas portas em Salt Lake City, no Utah.
Mórmons não são polígamos desde o final do século XIX. Evitam tabaco, café, álcool e drogas. Mas na terra do American Dream não são contra ganharem muito dinheiro.
Romney vale entre 190 e 250 milhões de dólares. Embora tenha nascido em berço avantajado, ficou multimilionário à frente do fundo de investimentos Bain Capital, especializado em dolorosas reestruturações de empresas. Romney diz, entre outros, que os 360 mil dólares que fatura ao ano em conferências “não é muito dinheiro”. A soma, contudo, corresponde a mais de sete vezes a receita média nos EUA.
O ex-governador de Massachusetts pertence a 1% da fatia mais endinheirada dos EUA, mas paga apenas 15% de impostos sob sua receita. Para muita gente, Romney encarna o rico que soube, via reestruturações (e inúmeras demissões), explorar os pobres. Parte de sua fortuna estaria, segundo diversas fontes, nas ilhas Cayman.
Mas Romney pode ser visto como o self-made man. Mais: ele quer, como todo mórmon praticante, restaurar a verdadeira mensagem do Cristo. Romney não deixará de dizer “Deus abençoe a América”. Ele é páreo para Obama.
Ele é mórmon. Numerosos norte-americanos não acham nenhuma graça nisso. No entanto, no sábado 21 Mitt Romney provavelmente será o vencedor das prévias na Carolina do Sul. O motivo? Mórmon ou não, o ex-governador de Massachusetts de 64 anos seria, pelo menos em tese, o candidato republicano mais”‘moderado”, ou seja, aquele que mais se aproxima do cobiçado e nebuloso centro do tablado político.
Mas, independentemente do que se entende por “centro”, de acordo com recente pesquisa os norte-americanos preferem um mórmon a um judeu ou a um católico. Um presidente ateu ou muçulmano seria – e isso é óbvio – altamente indesejável.
Basta lembrar os finais de discursos de presidentes norte-americanos: “God bless America”, Deus abençoe a América (leia os Estados Unidos).
Agora, imagine se Obama – e até hoje há evangélicos extremistas a jurar que ele é muçulmano praticante – fosse realmente seguidor do Profeta e dissesse: “Deus abençoe a América”.
Romney, o mórmon “moderado”, atrairia os eleitores ditos “independentes” na Carolina do Sul e durante o resto da corrida à presidência em 6 de novembro.
O voto dos tais dos “independentes” depende das circunstâncias de cada pleito – e tem muito pouco a ver com inclinações políticas, e, no momento, religiosas.
Nesse contexto, nos próximos nove meses tudo pode acontecer. Crise econômica aparte, Obama poderia, por exemplo, criar o caos global numa guerra contra o Irã – sempre, claro, com o respaldo do lobby judeu nos EUA e do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Por sua vez, Romney tem rivais de peso na sua agremiação e poderia, portanto, ser superado. No momento, o principal de seus rivais responde por Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara dos Representantes, apenas 10 pontos porcentuais atrás de Romney. Em terceiro lugar está o extremista cristão Rick Santorum (16%), ex-governador da Pensilvânia e vencedor nas primeiras prévias, no Illinois.
Vale, no entanto, ressaltar: desde 1980, o republicano que ganhou na Carolina do Sul sempre venceu a designação final de sua legenda.
Mas nenhum republicano na dianteira era mórmon.
Numerosos republicanos não acreditam que – e entre eles a vasta maioria dos evangélicos extremistas – mórmons sejam “verdadeiros” cristãos. Não concordam, por exemplo, que Cristo tenha aparecido nos Estados Unidos após sua ressurreição. Também não acreditam que Cristo voltará para o Missouri. Por essas e outras, 68% dos mórmons acham que há preconceito contra sua religião.
Mas fé não se discute.
Para muitos cidadãos mundo afora Joseph Smith não passava de um charlatão: para seus seguidores ele foi o fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em 1820. Aos 15 anos esteve com Deus e Cristo. Em 1830 Smith publicou O Livro de Mórmon. Casou com 23 mulheres. Os mórmons foram perseguidos. Numa longa fuga Joseph Smith foi morto no Illinois aos 39 anos.
No final dos anos 1840 a Igreja Mórmon, embora não isenta de divisões, reabriu suas portas em Salt Lake City, no Utah.
Mórmons não são polígamos desde o final do século XIX. Evitam tabaco, café, álcool e drogas. Mas na terra do American Dream não são contra ganharem muito dinheiro.
Romney vale entre 190 e 250 milhões de dólares. Embora tenha nascido em berço avantajado, ficou multimilionário à frente do fundo de investimentos Bain Capital, especializado em dolorosas reestruturações de empresas. Romney diz, entre outros, que os 360 mil dólares que fatura ao ano em conferências “não é muito dinheiro”. A soma, contudo, corresponde a mais de sete vezes a receita média nos EUA.
O ex-governador de Massachusetts pertence a 1% da fatia mais endinheirada dos EUA, mas paga apenas 15% de impostos sob sua receita. Para muita gente, Romney encarna o rico que soube, via reestruturações (e inúmeras demissões), explorar os pobres. Parte de sua fortuna estaria, segundo diversas fontes, nas ilhas Cayman.
Mas Romney pode ser visto como o self-made man. Mais: ele quer, como todo mórmon praticante, restaurar a verdadeira mensagem do Cristo. Romney não deixará de dizer “Deus abençoe a América”. Ele é páreo para Obama.
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