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Missão é uma farsa, diz observador da Liga Árabe

Argelino deixa grupo enviado ao país e acusa missão de servir ao regime, enquanto Assad diz que derrotará “conspiração estrangeira”

As forças sírias atiraram contra milhares de manifestantes para dispersar o grupo hostil ao regime nesta sexta-feira 18. Ao menos nove pessoas morreram. Foto: Louai Beshara
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Um observador da Liga Árabe abandou a missão na Síria nesta quarta-feira 11 e lançou ataques às atividades do grupo no país. Segundo o argelino Anwar Malek, que disse ter se sentido impotente em evitar “crimes múltiplos contra a humanidade” cometidos por tropas do presidente Bashar al-Assad, a missão estava começando a parecer uma farsa.

Para o argeliano, os enviados estavam servindo aos interesses do regime. “A coisa mais importante é ter sentimentos humanos. Passei mais de 15 dias em Homs e vi cenas de horror, corpos queimados”, disse ao explicar porque abandonou a missão, informa a agência de notícias Reuters.

“O regime não está apenas cometendo um crime de guerra, mas uma série de crimes contra seu próprio povo”, declarou à rede de televisão árabe Al Jazeera.

Segundo ele, o país está à beira de uma guerra civil e os atiradores de elite estão “por todos os lados” alvejando civis. “Pessoas estão sendo sequestradas, presos torturados e nada disso foi divulgado.”

O diário britânico The Guardian destaca que a declaração do ex-observador vem após o Conselho de Segurança da ONU ser informado da morte de 400 pessoas desde o início da missão em 26 de dezembro. “Isso é um indicativo de que ao invés de usar a missão para terminar com a violência, o governo sírio está aumentando a violência”, disse Susan Rice, embaixadora dos EUA na ONU, ao Guardian.

Para Malek, o líder da missão, o ex-general sudanês Mohammed al-Dabi, que esteve envolvido nos conflitos de Darfur, evitava incitar os oficiais sírios, reconhecendo a repressão, mas não a escala ou severidade da violência. “Eu me retirei porque me encontrei na situação de estar servindo ao regime (sírio)”, disse.

Discurso

Bashar al-Assad fez uma rara aparição pública nesta quarta-feira e prometeu derrotar a “conspiração contra a Síria” um dia após culpar interesses estrangeiros por atiçar meses de violência mortal. “Sem dúvida, vamos derrotar a conspiração que está chegando ao fim para os conspiradores e seus planos”, afirmou diante de milhares de simpatizantes na praça de Omayyad, centro de Damasco.

Vestido casualmente com uma camisa e um paletó, Assad falou confiante para a multidão: “Eu vim aqui para tirar força de vocês. Graças a vocês, nunca me senti fraco”.

A ONU afirmou, em dezembro, que mais de 5 mil pessoas morreram na repressão dos protestos contra o regime, iniciados em março. Por outro lado, Damasco acusa “gangues armadas terroristas” de fomentar o derramamento de sangue.

Em um discurso na terça-feira 10, sua primeira aparição pública em meses, Assad prometeu esmagar o “terrorismo” com mão de ferro. “Partidos internacionais e regionais que estão tentando desestabilizar a Síria não podem mais falsificar os fatos e acontecimentos”, disse em discurso de quase duas horas.

Suas declarações levaram movimentos de oposição a acusá-lo de empurrar o país rumo à guerra civil e as potências mundiais a criticá-lo por tentar transferir a culpa pelos 10 meses de violência nos protestos contra o seu regime.

Em meio às acusações, ativistas afirmaram que quatro civis foram mortos nesta quarta-feira perto da cidade central de Hama e que as tropas leais ao regime entraram em confronto com desertores.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos também informou que as forças do regime utilizaram munição real e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os estudantes que protestavam em Daraya, na província de Damasco.

Com informações AFP.

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Um observador da Liga Árabe abandou a missão na Síria nesta quarta-feira 11 e lançou ataques às atividades do grupo no país. Segundo o argelino Anwar Malek, que disse ter se sentido impotente em evitar “crimes múltiplos contra a humanidade” cometidos por tropas do presidente Bashar al-Assad, a missão estava começando a parecer uma farsa.

Para o argeliano, os enviados estavam servindo aos interesses do regime. “A coisa mais importante é ter sentimentos humanos. Passei mais de 15 dias em Homs e vi cenas de horror, corpos queimados”, disse ao explicar porque abandonou a missão, informa a agência de notícias Reuters.

“O regime não está apenas cometendo um crime de guerra, mas uma série de crimes contra seu próprio povo”, declarou à rede de televisão árabe Al Jazeera.

Segundo ele, o país está à beira de uma guerra civil e os atiradores de elite estão “por todos os lados” alvejando civis. “Pessoas estão sendo sequestradas, presos torturados e nada disso foi divulgado.”

O diário britânico The Guardian destaca que a declaração do ex-observador vem após o Conselho de Segurança da ONU ser informado da morte de 400 pessoas desde o início da missão em 26 de dezembro. “Isso é um indicativo de que ao invés de usar a missão para terminar com a violência, o governo sírio está aumentando a violência”, disse Susan Rice, embaixadora dos EUA na ONU, ao Guardian.

Para Malek, o líder da missão, o ex-general sudanês Mohammed al-Dabi, que esteve envolvido nos conflitos de Darfur, evitava incitar os oficiais sírios, reconhecendo a repressão, mas não a escala ou severidade da violência. “Eu me retirei porque me encontrei na situação de estar servindo ao regime (sírio)”, disse.

Discurso

Bashar al-Assad fez uma rara aparição pública nesta quarta-feira e prometeu derrotar a “conspiração contra a Síria” um dia após culpar interesses estrangeiros por atiçar meses de violência mortal. “Sem dúvida, vamos derrotar a conspiração que está chegando ao fim para os conspiradores e seus planos”, afirmou diante de milhares de simpatizantes na praça de Omayyad, centro de Damasco.

Vestido casualmente com uma camisa e um paletó, Assad falou confiante para a multidão: “Eu vim aqui para tirar força de vocês. Graças a vocês, nunca me senti fraco”.

A ONU afirmou, em dezembro, que mais de 5 mil pessoas morreram na repressão dos protestos contra o regime, iniciados em março. Por outro lado, Damasco acusa “gangues armadas terroristas” de fomentar o derramamento de sangue.

Em um discurso na terça-feira 10, sua primeira aparição pública em meses, Assad prometeu esmagar o “terrorismo” com mão de ferro. “Partidos internacionais e regionais que estão tentando desestabilizar a Síria não podem mais falsificar os fatos e acontecimentos”, disse em discurso de quase duas horas.

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Em meio às acusações, ativistas afirmaram que quatro civis foram mortos nesta quarta-feira perto da cidade central de Hama e que as tropas leais ao regime entraram em confronto com desertores.

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