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Putin impõe lei marcial em territórios anexados na Ucrânia

Medida entra em vigor em Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia e permite a imposição de toques de recolher e limitação de movimento da população

Putin impõe lei marcial em territórios anexados na Ucrânia
Putin impõe lei marcial em territórios anexados na Ucrânia
Putin se divide entre as cobranças dos nacionalistas e a insatisfação interna crescente - Imagem: Alexey Danichev/AFP
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, impôs nesta quarta-feira 19 lei marcial nos quatro territórios ucranianos que o país anexou ilegalmente. A medida entra em vigor já na meia-noite de quinta-feira. A decisão ocorre depois do avanço das tropas da Ucrânia para a retomada de Kherson.

Putin não deu detalhes sobre a decisão. No entanto, a lei marcial russa permite o fortalecimento militar, toques de recolher, limitação de movimento da população, censura e detenção de estrangeiros.

“O regime de Kiev se recusa a reconhecer a vontade do povo e rejeita qualquer proposta para negociação”, alegou Putin ao anunciar a lei marcial.

Ele acusou ainda a Ucrânia de usar “métodos terroristas”. “Estamos trabalhando para solucionar tarefas muito complexas e amplas para garantir a segurança e proteger o futuro da Rússia”, acrescentou.

A lei marcial entra em vigor nas regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia, que estão parcialmente ocupadas pelas forças russas. Os quatro territórios foram anexados por Moscou em setembro, numa clara violação do direito internacional. A anexação ocorreu depois da realização de pseudorreferendos organizados por Moscou nas regiões.

Há indícios de que as votações ocorreram sob ameaça de violência e intimidação. Autoridades russas chegaram a levar urnas de casa em casa, no que a Ucrânia e o Ocidente afirmam ser um exercício ilegítimo e coercitivo para criar um pretexto legal para a anexação das quatro regiões.

Evacuação de Kherson

A decisão sobre a lei marcial ocorre em meio ao avanço da ofensiva ucraniana na região. O novo comandante das tropas russas na Ucrânia, Serguei Surovikin, admitiu na terça-feira que a situação no sul da cidade de Kherson era difícil.

O raro reconhecimento do avanço da ofensiva ucraniana por parte da Rússia ocorreu durante uma entrevista a uma emissora de televisão estatal russa. O comandante alegou ainda que a Ucrânia estaria atacando a infraestrutura da cidade e defendeu a evacuação da região.

Com mais de 250 mil habitantes, Kherson é a única capital regional que foi ocupada por tropas russas. Ela foi a primeira grande cidade ucraniana a ser tomada por Moscou ainda em fevereiro. Mas recentemente militares ucranianos estão tendo sucesso na ofensiva para recuperar territórios na região.

Nesta quarta-feira, a Rússia iniciou a evacuação de Kherson, onde 50 mil moradores devem ser retirados de suas casas. Segundo a agência Ria-Novosti, o administrador pró-russo da região, Yevgeny Melnikov, disse que os ucranianos serão levados para a Rússia.

Em reação, as autoridades ucranianas acusaram Moscou de “tentar assustar” os habitantes da cidade. “Os russos estão tentando assustar o povo de Kherson com falsas mensagens sobre um bombardeio da cidade pelo nosso exército”, disse o chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andri Yermak.

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