No Paraná, professora bolsonarista faz saudação nazista em sala de aula

Uma professora, enrolada na bandeira do Brasil, foi filmada fazendo uma saudação nazista enquanto dava aula em um colégio particular na cidade de Ponta Grossa, no Paraná. A mulher, identificada como Josete Biral, bate continência e estende o braço para o alto – tal qual membros do partido de Adolf Hitler – após conversar com um aluno.

A cena teria ocorrido no último sábado 8 no Colégio Sagrada Família e repercutiu nesta segunda-feira 10. Após a repercussão do caso, a escola se posicionou oficialmente via nota. O mesmo texto enviado para a reportagem foi publicado nas redes sociais, onde o colégio limitou os comentários. A nota diz que a escola ‘não compactua e não concorda’ com a postura da professora e que ‘repudia qualquer manifestação alusiva ao teor do vídeo’. Ao fim, diz que, por se tratar de uma questão ‘interna corporis’, “foram tomadas as medidas cabíveis ao caso”. Não fica claro, no entanto, quais são.

Professora faz saudação nazista em escola de Ponta Grossa pic.twitter.com/01Ap8URqrO

— Julinho Bittencourt (@JotaBittencourt) October 10, 2022

Mais cedo, a Revista Fórum foi atendida pela irmã Edites, diretora da escola, que confirmou o caso, mas alegou se tratar de ‘um erro’ da professora e que a postura não estaria ‘em acordo’ com o que prega a escola. A diretora informou ter tomado providências internas, mas não especificou quais. Disse ainda que o caso pode ser fruto de ‘ânimos exaltados pela política’ e que a escola prega neutralidade. Por fim, foi informado que Josete atua na escola ‘há muito tempo’ e que se trata de ‘excelente profissional’.

No Facebook, Josete mantém seu perfil aberto e com centenas de publicações pró-Bolsonaro. Ela costuma ainda compartilhar uma série de notícias falsas contra o ex-presidente Lula. Em várias publicações é possível ver o selo de agências de checagem de fato desmentindo as informações.

Nas publicações recentes, Josete fez apenas uma referência ao episódio em que faz uma saudação nazista ao responder um comentário de uma seguidora. A mulher dizia conhecer a professora e que a filmagem seria ‘inconsequente’ e estaria ‘fora de contexto’. Josete então responde: “seres de luz irradiam brilho e verdade. Assim é você, minha querida”.

Após a repercussão do caso, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Paraná (Feip) disseram, em nota, esperar ‘rigorosa apuração dos fatos e punição exemplar à referida profissional’. “O nazismo é um movimento que promove o ódio e a morte e executou o extermínio de 6 milhões de judeus e outras minorias, como ciganos e LGBTQIAP+, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele deve ser combatido de forma efetiva, conforme a legislação vigente”, diz o trecho principal da nota.

O Museu do Holocausto, que também fica no Paraná, também repercutiu o episódio e condenou a postura da escola até o momento. “A direção do Colégio Sagrada Família, de Ponta Grossa/PR, tomou medidas ‘internas’ e chamou o ato da professora de ‘imprudência’. Segundo a diretora, ‘sempre procuramos ficar neutros’. Para esses casos, não existe qualquer possibilidade de neutralidade. Apologia ao nazismo se compactua ou se repudia”, escreve o museu ao informar que as imagens serão repassadas ao Ministério Público.