Frente Ampla
Com a ameaça golpista, não há espaço para omissão
O próximo domingo não é somente a data do primeiro turno das Eleições. É o momento de mostrar nas urnas que o Brasil é contra o caos instalado pelo governo de Jair Bolsonaro e seus cúmplices


Os recorrentes casos de agressões físicas a pessoas que expressam votar contra o atual presidente e as ameaças constantes à democracia exigem do meio político e do eleitorado um posicionamento claro e direto. Protelar uma postura sobre o atual cenário é inaceitável diante da eleição mais importante da história brasileira.
Optar pela ideia de neutralidade, mesmo com as instituições sob ataque, representa a conivência com aqueles que explicitamente desrespeitam os direitos alcançados ao longo de anos de lutas sociais. É tentar se encaixar num conceito ultrapassado difundido pelo establishment que propaga um “equilíbrio” excludente e favorável às elites.
A opinião, de fato, é um direito. Mas estar “em cima do muro” por si só classifica-se como ação ideológica; atualmente, a favor da destruição promovida pela gestão de Jair Bolsonaro. O desinteresse, nesse caso, nada mais é do que a camuflagem da indiferença com o sofrimento nacional.
A omissão é uma das ações mais arriscadas em sociedade, pois ela entrega aos que detêm o poder a independência para decidir sobre tudo e todos: da sua liberdade ao seu modo de vida. Se omitir, é dizer sim às desigualdades de maneira velada e covarde.
Pesquisas de intenção de votos apontam que os indecisos somados aos votos brancos e nulos totalizam quase 10% do eleitorado no país. Um percentual normal em outros tempos, mas preocupante nos dias de hoje. Não se pode permanecer no “nem um, nem outro” quando a vida é colocada em xeque.
Por isso, o próximo domingo não é somente a data do primeiro turno das Eleições. É o momento de mostrar nas urnas que o Brasil é contra o caos instalado pelo governo de Jair Bolsonaro e seus cúmplices.
Vale ressalta que movimentos fascistas nunca tiveram força expressiva no país. A Ação Integralista Brasileira, por exemplo, não alcançou a massa, embora os ideais do integralismo estejam presentes hoje de forma ampliada no lema do Governo Federal. Não existe a “opinião” de não votar quando a existência de alguém está sob ataque.
Deixar para expressar o repúdio às ameaças golpistas de Bolsonaro somente num eventual segundo turno pode dar espaço a mais violência política e tentativas de desqualificar um processo eleitoral limpo e seguro.
Ainda que os fundamentos autoritários não desapareçam do país em 2022 – pois a restruturação civilizatória exige, entre outras medidas, processos de fomento ao pensamento critico social – é necessário dar uma resposta rápida a possibilidade da escalada fascista. É um momento crítico para o Brasil. Diante disso, quem tem voz deve usá-la!0
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.