Jaques Wagner

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Senador (PT-BA). Foi governador da Bahia (2007-2015) e ministro do Trabalho (2003-2004), Defesa (2015) e Casa Civil (2015-2016).

Opinião

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Democracia sempre

A eleição de 2022 não representa o debate entre dois projetos políticos distintos. O que está em jogo, na prática, é a sobrevivência do Estado Democrático de Direito

Democracia sempre
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Lula e Jair Bolsonaro. Fotos: Ricardo Stuckert e Albari Rosa/AFP
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O Brasil encontra-se numa encruzilhada histórica. O resultado das eleições não definirá apenas quem governará o País pelos próximos quatro anos. O povo decidirá, a partir do resultado soberano das urnas, se seguiremos trilhando essa desastrosa marcha da insensatez, promovida pelo atual governo, ou se voltaremos a ser uma nação admirada internacionalmente, com plena democracia e capacidade de sonhar com dias melhores.

Tenho insistido na ideia de que a eleição de 2022 não representa o debate entre dois projetos políticos distintos. De um lado, infelizmente, temos um presidente que provou reiteradas vezes o seu despreparo para liderar a nação, sem qualquer proposta concreta, apenas pregando ódio e violência. De outro, felizmente, temos a presença do ex-presidente Lula, que se apresenta como a verdadeira e única alternativa de um Brasil que quer paz para voltar a crescer e a sorrir.

Diante deste embate crucial e de um cenário de permanentes ameaças, que flerta de forma constante com a possibilidade de uma ruptura institucional, vimos nos últimos meses se consolidar no Brasil uma atmosfera de convergência, com foco na defesa intransigente do Estado Democrático de Direito, só antes vista no movimento das Diretas Já. Há quase 40 anos, esse episódio marcante da nossa história foi fundamental para superarmos a ditadura e redemocratizarmos o País.

Iniciativas recentes, como o ato em defesa da democracia na Faculdade de Direito da USP, com a leitura de uma carta assinada por mais de 1 milhão de brasileiros, bem como o manifesto articulado pela Fiesp, que contou com adesão de dezenas de entidades, traduzem esse sentimento coletivo.

Nesse sentido, a chapa formada por Lula e Geraldo Alckmin reúne nomes que pensam diferente em muitos aspectos, mas que estão unidos na defesa da democracia, do respeito ao próximo, da solidariedade e do comprometimento com a reconstrução do Brasil. Temos, de um lado, um homem que governou o Brasil por oito anos e, de outro, um nome que governou o maior estado da federação. Duas pessoas com tarimba e larga experiência para recolocar o Brasil nos trilhos do crescimento.

A construção desse pacto nacional é a resposta natural a um ambiente permanente de instabilidade, produzido pelo atual presidente e amplificado por sua turba de seguidores que repetidas vezes põe em risco a normalidade democrática, atacando as instituições da República e desacreditando o sistema eleitoral brasileiro.

Lula tem plena consciência de que é indispensável neste momento uma unidade nacional, construindo pontes, dialogando com os mais diferentes setores e lideranças, para que consigamos recolocar o País no caminho do crescimento, da prosperidade e da inclusão social. Há um entendimento da maioria da nossa ­sociedade de que o atual momento pede essa convergência. O Brasil não aguenta mais quatro anos de um desgoverno que nos últimos anos só fez colecionar retrocessos.

A diversidade de forças e de lideranças que se colocam ao lado de Lula consolida sua candidatura como a única capaz de interromper este ciclo de horrores em que o Brasil mergulhou nos últimos anos e de garantir a saúde e a sobrevivência da nossa democracia. Como bem explicou o presidente Lula, parafraseando uma citação do mestre Paulo Freire, “há momentos em que precisamos unir os diferentes para derrotar os antagônicos”.

Cabe também resgatar algumas palavras do próprio Lula, que, em junho de 2002, na conhecida “Carta ao Povo Brasileiro” nos lembrou que o “Brasil é bem maior que todas as crises”. Neste texto, ele dizia que o País queria “mudar para crescer, incluir, pacificar”, e conclamou todos que querem “o bem do Brasil a se unirem em torno de um programa de mudanças corajosas e responsáveis”. Palavras ditas por Lula há 20 anos, mas que cabem perfeitamente diante do desafio eleitoral que se avizinha.

Em 2018, ganhou a eleição para presidente o projeto da fome, do desemprego, da falta de valorização do salário mínimo, do aumento das queimadas na nossa Amazônia. Por isso, no próximo dia 2 de outubro, vamos sair de casa com o coração cheio de fé, paz e esperança. Vamos devolver ao Brasil a chance de se reencontrar com um projeto de desenvolvimento com foco na prosperidade, na solidariedade e na justiça social.

Se há quatro anos, o sentimento que dominou grande parte do eleitorado brasileiro diante das urnas foi o de ódio, agora temos a chance de fazer a esperança – aquela mesma que no passado venceu o medo – predominar no coração dos eleitores. E assim o faremos. Sem medo de ser felizes. •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1227 DE CARTACAPITAL, EM 28 DE SETEMBRO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Democracia sempre”

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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