Mundo
Para atrair trabalhadores, Alemanha vai facilitar naturalização e estuda liberar dupla cidadania
O País tem 887 mil vagas de trabalho não preenchidas e quer atrair profissionais qualificados. Empresários defendem que domínio do idioma alemão deixe de ser pré-requisito


A Alemanha quer acelerar o processo de naturalização de estrangeiros e também cogita autorizar a concessão de dupla cidadania com o objetivo atrair trabalhadores qualificados de fora do país, de acordo com um projeto apresentado pelo governo a sindicatos patronais nesta quarta-feira.
A escassez de mão de obra já é visível na maior economia da Europa e ameaça o potencial de crescimento do país nos próximos anos, dizem especialistas.
Segundo a agência alemã de emprego, em agosto havia 887 mil vagas de trabalho não preenchidas no país, aumento de 108 mil na comparação com igual mês de 2021.
— Para muitas empresas, a busca de mão de obra qualificada é uma questão existencial — destacou o ministro do Trabalho, Hubertus Heil, ao participar de um seminário de sindicatos patronais sobre o tema.
O documento elaborado pelo governo indica que a Alemanha deve se mostrar “um país atraente para a imigração em meio à disputa internacional por trabalhadores qualificados”.
As condições gerais de imigração devem melhorar para que “trabalhadores qualificados estrangeiros e suas famílias desejem viver e trabalhar na Alemanha”, acrescenta o texto.
Entre as medidas que estão sendo avaliadas está a “autorização de múltipla cidadania e a simplificação do processo de naturalização”. Hoje, a Alemanha tem uma política restritiva que prevê que um estrangeiro, ao obter a cidadania alemã, deve desistir de sua cidadania anterior.
Mas a Alemanha respeita países que não permitem a revogação da cidadania original, como o Brasil – no caso dos brasileiros, é possível ter as duas cidadanias.
O projeto prevê que um estrangeiro poderia se naturalizar alemão após cinco anos de residência no país ou após três anos em alguns casos específicos.
O governo do social-democrata Olaf Scholz, aliado dos Verdes e dos Liberais, estima apresentar o projeto nos próximos meses.
Para facilitar os trâmites, representantes do empresariado sugeriram suprimir a obrigação de verificação de competência no idioma alemão dos imigrantes.
O país quer ainda estimular mais mulheres a entrarem no mercado de trabalho, ampliando o número de creches.
Com a população em processo de envelhecimento, a Alemanha precisa principalmente de pessoas capazes de garantir a transição digital e energética de sua economia.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Médicos da rainha Elizabeth II “preocupados” com a saúde da monarca
Por AFP
Instagram é multado em 405 milhões de euros por violação de privacidade na UE
Por AFP
Rússia diz que só retoma fornecimento de gás para Europa se sanções do Ocidente forem suspensas
Por Agência O Globo