Cultura

Morre aos 81 anos Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil

Responsável por amplificar e dar destaque à cultura afro-brasileira, Araújo deixa um imenso legado artístico

Morre aos 81 anos Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil
Morre aos 81 anos Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil
Emanoel Araújo - Foto: Silvia Zamboni/Artes Brasileiras - Museu Afro Brasil
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Emanoel Araújo, artista plástico, ilustrador e fundador do Museu Afro Brasil, foi encontrado morto na manhã desta quarta-feira 7, na sua casa em São Paulo, aos 81 anos. 

Nascido no Recôncavo Baiano, Araújo dedicou seu legado à elevação da cultura negra brasileira e abriu um importante diálogo da produção afro-brasileira com as produções internacionais. Foi, entre 1992 e 2001, diretor da Pinacoteca.

Em entrevista à revista ARTE!Brasileiros, em 2014, Araújo contou que, à época da nomeação, foi alvo de críticas baseadas em seu tom de pele e local de nascimento. “As pessoas diziam: ‘como um negro, e ainda baiano! E eu dizia: Não só negro, mas homossexual também”, disse.

Em 2004, Emanoel Araújo fundou o Museu Afro Brasil, em São Paulo, do qual foi Diretor Curador e Executivo até sua morte. A exposição “Africa Africans”, da qual foi curador no Museu Afro Brasil, recebeu o prêmio de melhor exposição em 2015 pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA). 

Segundo nota divulgada pelo museu, o velório acontece durante o dia no pavilhão da instituição. O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), decretou luto oficial de três dias no estado.

“Emanoel Araújo foi um ícone da cultura negra no Brasil. Artista, professor, pesquisador e gestor público de múltiplos talentos, Emanoel deu uma nova dinâmica à Pinacoteca de São Paulo, fundou o Museu AfroBrasil e trabalhou durante toda sua vida pela valorização da história da arte afrodescendente brasileira e da arte africana. São Paulo seguirá com seus ensinamentos”, disse.

Vários artistas e nomes importantes da cultura brasileira lamentaram sua morte. Entre estes, Gilberto Gil, que teve uma relação próxima com Araújo quando foi ministro da Cultura em 2003. 

Além dos diversos prêmios, Araújo foi diretor do Museu de Arte da Bahia, lecionou artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York (1988). Ele ainda estava trabalhando atualmente para levar ao Museu Afro Brasil, em novembro, uma exposição temática sobre os 200 anos da Independência, conectando duas datas: o 7 de setembro e 2 de julho de 1823, dia que se deu o movimento da independência baiana que efetivou o processo de emancipação do Brasil.

Aos 81 anos, Araújo dizia que nunca pensava em se aposentar e que gostaria de continuar sua vida se dedicando às artes e a memória dos luso-africanos-descendentes.

Veja alguns destaques da trajetória de Emanoel Araújo:

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