Política
Gaúcho, o Flamengo, a Seleção
Ronaldinho tenta não perder o foco. O clube enfia os pés pelas mãos. E o que dizer do Brasil do Mano?
Por Afonsinho
O malfadado caso Flamengo vs. Ronaldinho já deu o que tinha de dar, mas não se deve ficar com nada engasgado. Que sirva ao menos para provocar alguma mudança no futebol. Um chacoa-lhão que acomode melhor as mal-ajambradas camadas de clubes, federações, jogadores e mídia.
Foram meses de noticiários e reportagens em todos os meios e, no fim, passada a peneira, tudo é lixo e somente lixo. Na bateria restaram duas pedras surradas, sujas, diamantes do maior quilate. Um clube e um jogador, talvez o maior clube e o maior jogador. Por falar em lixo, há duas semanas, no Dia do Gari, as reportagens sobre a limpeza urbana e o destino dos dejetos exibiram dados estarrecedores sobre o Rio de Janeiro e São Paulo.
O desrespeito com que tem sido tratado o profissional deixa ver o quão distante estamos de uma verdadeira democracia.
Tempo de São João. Mesmo assim é perigoso brincar com o fogo das paixões, cega.
Ronaldinho Gaúcho encaminhou seu problema para a Justiça, tratou de arrumar outro clube, não piorar sua forma. Está trabalhando.
Já no clube, os dirigentes emporcalham cada vez mais a imagem da instituição com alegações estapafúrdias de pouco peso jurídico. Quanto mais se mexe, mais engrossa o angu. Deviam deixar o caso com os advogados e tratar do time. Têm muito trabalho pela frente. A maioria dos coirmãos deve quase sempre para os mesmos treinadores, jogadores e outros funcionários.
Permitem que seus torcedores se sintam humilhados e não enganam mais ninguém, tantos são os casos que se repetem, entra ano, sai ano. Nem a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro é profissional. Aí está a prova.
Voltamos a pensar numa Quarta Divisão patrocinada por grandes empresas, mas com novos formatos. Por exemplo, exigindo profissionalização absoluta e profissão alternativa para os jovens, quem sabe universitários.
O Flamengo não tem o privilégio de ser o único clube inadministrável neste momento, no futebol brasileiro. Vários terminaram o semestre no vermelho. É a desculpa para surgirem os “negocinhos” e lá se vão as revelações e outros mais cotados.
Mas é uma vitória o Gaúcho não precisar voltar para o exterior e continuar tentando ir ao Mundial.
O Jobson, pelo futebol que sabe jogar, merece um olhar da CBF. Não, não sou a Madre Tereza de Calcutá, mas há sempre alguém que qualquer um respeita: a mãe, a avó, o pai de santo. O Botafogo ao menos tenta…
Em busca de novas fontes de renda, os clubes podem manter seus ídolos e reforçar seus times e cofres como fez o Santos, desde quando o Brasil era mais pobre e não ia sediar a Copa do Mundo. Não saíram daqui nem Garrincha nem Pelé. O Brasil nunca perdeu um jogo com os dois em campo. Uns gostam da bola, outros de “bola”. Sabemos que a coisa vem lá de cima.
Torcemos para que, finalmente, às portas de uma Copa do Mundo em casa o terremoto chacoalhe as estruturas. Sirva para mobilizar algumas forças, os jogadores, por exemplo.
O Estado tem o dever de zelar pelos bens culturais da Nação. Assim enxergo o esporte. Não há necessidade de intervir na administração de clubes e entidades, mas o governo tem um papel a cumprir.
Mesmo o sistema internacional (Fifa) não se sustenta mais da mesma forma. Nem a CBF. Tudo isso em tempos de crise econômica internacional nos faz acreditar em mudanças. É preciso estar atento e forte.
Chega de “cartolagem”. Vamos nós também cuidar melhor da nossa parte. Foram quatro amistosos, uma boa sequência.
A essa altura não sei quanto foi o jogo do Brasil com a Argentina, mas a partida contra o México foi um balde de água gelada. Não por estar empolgado com os dois resultados positivos alcançados anteriormente. O jogo em si foi muito bom para analisar duas equipes diferentes.
O México, um time formado com conjunto e confiança muito grandes, jogando em todos os setores do campo com tranquilidade. O Brasil, ao menos nesse jogo, mostrou-se desinteressado, a começar pelo técnico. Não se alterou em momento nenhum. Parecia tudo certo, não entendi.
O que me deixou atordoado foi ver na Seleção um dos zagueiros ser antes de jogador um super-atleta, com a ideia de ter de dar conta de cobrir todo o fundo do campo pela esquerda. Mesmo tendo ao seu lado o zagueiro mais cobiçado do momento, este sim um jogador de futebol com técnica apurada e nada de super-homem.
Não consigo compreender como tão perto dos Jogos Olímpicos ainda não temos um time-base. Será que estamos despistando o inimigo? A sorte está lançada.
Fôlego
Por Afonsinho
O malfadado caso Flamengo vs. Ronaldinho já deu o que tinha de dar, mas não se deve ficar com nada engasgado. Que sirva ao menos para provocar alguma mudança no futebol. Um chacoa-lhão que acomode melhor as mal-ajambradas camadas de clubes, federações, jogadores e mídia.
Foram meses de noticiários e reportagens em todos os meios e, no fim, passada a peneira, tudo é lixo e somente lixo. Na bateria restaram duas pedras surradas, sujas, diamantes do maior quilate. Um clube e um jogador, talvez o maior clube e o maior jogador. Por falar em lixo, há duas semanas, no Dia do Gari, as reportagens sobre a limpeza urbana e o destino dos dejetos exibiram dados estarrecedores sobre o Rio de Janeiro e São Paulo.
O desrespeito com que tem sido tratado o profissional deixa ver o quão distante estamos de uma verdadeira democracia.
Tempo de São João. Mesmo assim é perigoso brincar com o fogo das paixões, cega.
Ronaldinho Gaúcho encaminhou seu problema para a Justiça, tratou de arrumar outro clube, não piorar sua forma. Está trabalhando.
Já no clube, os dirigentes emporcalham cada vez mais a imagem da instituição com alegações estapafúrdias de pouco peso jurídico. Quanto mais se mexe, mais engrossa o angu. Deviam deixar o caso com os advogados e tratar do time. Têm muito trabalho pela frente. A maioria dos coirmãos deve quase sempre para os mesmos treinadores, jogadores e outros funcionários.
Permitem que seus torcedores se sintam humilhados e não enganam mais ninguém, tantos são os casos que se repetem, entra ano, sai ano. Nem a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro é profissional. Aí está a prova.
Voltamos a pensar numa Quarta Divisão patrocinada por grandes empresas, mas com novos formatos. Por exemplo, exigindo profissionalização absoluta e profissão alternativa para os jovens, quem sabe universitários.
O Flamengo não tem o privilégio de ser o único clube inadministrável neste momento, no futebol brasileiro. Vários terminaram o semestre no vermelho. É a desculpa para surgirem os “negocinhos” e lá se vão as revelações e outros mais cotados.
Mas é uma vitória o Gaúcho não precisar voltar para o exterior e continuar tentando ir ao Mundial.
O Jobson, pelo futebol que sabe jogar, merece um olhar da CBF. Não, não sou a Madre Tereza de Calcutá, mas há sempre alguém que qualquer um respeita: a mãe, a avó, o pai de santo. O Botafogo ao menos tenta…
Em busca de novas fontes de renda, os clubes podem manter seus ídolos e reforçar seus times e cofres como fez o Santos, desde quando o Brasil era mais pobre e não ia sediar a Copa do Mundo. Não saíram daqui nem Garrincha nem Pelé. O Brasil nunca perdeu um jogo com os dois em campo. Uns gostam da bola, outros de “bola”. Sabemos que a coisa vem lá de cima.
Torcemos para que, finalmente, às portas de uma Copa do Mundo em casa o terremoto chacoalhe as estruturas. Sirva para mobilizar algumas forças, os jogadores, por exemplo.
O Estado tem o dever de zelar pelos bens culturais da Nação. Assim enxergo o esporte. Não há necessidade de intervir na administração de clubes e entidades, mas o governo tem um papel a cumprir.
Mesmo o sistema internacional (Fifa) não se sustenta mais da mesma forma. Nem a CBF. Tudo isso em tempos de crise econômica internacional nos faz acreditar em mudanças. É preciso estar atento e forte.
Chega de “cartolagem”. Vamos nós também cuidar melhor da nossa parte. Foram quatro amistosos, uma boa sequência.
A essa altura não sei quanto foi o jogo do Brasil com a Argentina, mas a partida contra o México foi um balde de água gelada. Não por estar empolgado com os dois resultados positivos alcançados anteriormente. O jogo em si foi muito bom para analisar duas equipes diferentes.
O México, um time formado com conjunto e confiança muito grandes, jogando em todos os setores do campo com tranquilidade. O Brasil, ao menos nesse jogo, mostrou-se desinteressado, a começar pelo técnico. Não se alterou em momento nenhum. Parecia tudo certo, não entendi.
O que me deixou atordoado foi ver na Seleção um dos zagueiros ser antes de jogador um super-atleta, com a ideia de ter de dar conta de cobrir todo o fundo do campo pela esquerda. Mesmo tendo ao seu lado o zagueiro mais cobiçado do momento, este sim um jogador de futebol com técnica apurada e nada de super-homem.
Não consigo compreender como tão perto dos Jogos Olímpicos ainda não temos um time-base. Será que estamos despistando o inimigo? A sorte está lançada.
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