

Opinião
Flores no asfalto
Apesar do ritmo insano dos calendários, o futebol mostra sua criatividade em atuações como a do Manchester United e do jovem brasileiro Endrick


Em meio aos mil campeonatos, copas e torneios em curso, alguns clubes tratam de tentar escapar do rebaixamento, enquanto outros lutam para subir de divisão ou buscam a classificação para uma ou outra disputa.
Quanto às nossas eleições a dificuldade é de esclarecer a população, no pouco tempo que nos resta, de que não se trata de mais uma briga de torcidas em uma rinha de galos.
Quem luta pela sobrevivência num cotidiano duro, não tem muito tempo para pensar em prazo mais longo, e as eleições são mesmo um jogo no qual estão em disputa também os interesses mais diretos que cada candidato aos cargos majoritários representa.
Parece que, nestes tempos de comunicação acelerada pelas diversas mídias existentes, as pessoas têm se dado conta da importância das Assembleias Legislativas, do Congresso Nacional, com seus deputados e senadores, e até mesmo dos vereadores. Infelizmente, porém, a oferta de candidatos minoritários anda dolorosa nos programas eleitorais.
É fundamental, em um momento como este, esclarecer o que os candidatos representam e o que está por trás das intenções deles.
Enquanto um dos candidatos não foi um militar expressivo nem um político profícuo, Lula demonstrou sua capacidade, caminhando passo a passo na edificação de sua carreira. Entre derrotas e vitórias, e entre erros e acertos, sempre respeitou a democracia.
Bolsonaro, por sua vez, atua como um agente assumido da corrente conservadora. Com suas manifestações retrógradas, ele é pura cópia de seu ídolo Trump, de quem agora está órfão.
Em um cenário de crise econômica mundial, com uma guerra em curso e a polarização entre Ocidente e Oriente, o Brasil tem em Lula um representante genuíno de seu povo, com extraordinário e natural talento político e capacidade reconhecida de negociador – base dessa atividade chamada política. Ele próprio não se apresenta isento de imperfeições nem lança mão de crenças religiosas para se mostrar superior, infalível e divino.
E já que fui parar lá no alto, falando de divino, recoloco a bola no chão e volto ao meu assunto de sempre: esporte. Também no esporte a política se interpõe e os times, cada um a seu modo, tentam se contrapor às exigências do ritmo e dos princípios do neoliberalismo.
Em meio à velocidade mencionada no início deste texto, registro, no futebol, o alvissareiro desenvolvimento de um novo período de criatividade. Esse momento fica expresso no desempenho já louvado do Manchester City, inspirado pelo Guardiola e, entre nós, pelo desabrochar auspicioso do jovem palmeirense Endrick, no Brasileirão Sub-20.
Na segunda-feira 29, ele assinou uma obra de arte que não deixa dúvidas quanto ao alvorecer radiante do nosso futuro. Para a alegria dos torcedores, o jovem atleta, joia da base do Verdão paulistano, pode estar mais perto de fazer sua estreia na equipe principal.
O mesmo Palmeiras nos ofereceu, no sábado 27, no Maracanã, contra o Fluminense, pelo Brasileirão, um impressionante gol de bicicleta.
O dinamismo destes dias se faz notar ainda pela histórica goleada do Liverpool, por 9×0, no início do campeonato mais valorizado do momento, a Premier League. A partida foi contra o recém-promovido Bournemouth.
Um dos destaques individuais do time de Jurgen Klopp foi o atacante brasileiro Roberto Firmino. •
PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1224 DE CARTACAPITAL, EM 7 DE SETEMBRO DE 2022.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Flores no asfalto “
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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