CartaExpressa
Governo Bolsonaro distribui livros a agentes da PRF com a orientação de que leiam a Bíblia
Servidores relataram ‘desconforto’ com o recebimento das orientações, e citaram ‘violação da liberdade religiosa’


O governo Bolsonaro distribuiu à Polícia Rodoviária Federal livros com a recomendação de que os servidores leiam a Bíblia. A justificativa é a de que as obras servem como ‘assistência espiritual’ aos agentes em razão do estresse de suas atividades.
A distribuição, a cargo do Ministério da Justiça, faz parte do projeto Capelania que visa trazer ‘mensagens diárias devocionais’. A orientação é distribuir os livros para todas as superintendências estaduais da PRF, recomendando orações diárias.
“Estimular a espiritualidade, contribuindo para o bem estar e qualidade de vida do servidor PRF, melhorando o seu desempenho nas atividades diárias”, diz um trecho da orientação.
“Sugerimos o uso coletivo do livro, no próprio ambiente de trabalho”, acrescenta o documento.
À GloboNews, servidores relataram ‘desconforto’ com o recebimento das orientações, e citaram ‘violação da liberdade religiosa’, uma vez que elas não consideram todas as religiões.
Procurada, a Polícia Rodoviária Federal informou que não há queixas na ouvidoria registradas sobre o projeto e disse que, caso haja servidores interessados em outras atividades, devem registrar um pedido.
“As atividades de religiões não representadas formalmente – não só as de matriz africana, mas também budistas, hinduístas, muçulmanos, entre outras – poderão ser realizadas no âmbito da Instituição ,mediante solicitação dos servidores interessados e demanda que as justifique, cabendo ao servidor responsável pela gestão da Capelania PRF viabilizar o contato com os ministros religiosos dos credos solicitantes”, respondeu o órgão.
Orientação distribuída a servidores da PRF. Créditos: Reprodução
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

‘Não tem filé mignon para todo mundo’, reclama Bolsonaro após entrevista de Lula ao JN
Por CartaCapital
Bolsonaro admite que pode ser preso caso seja derrotado na eleição
Por CartaCapital
JN: Se Jair Bolsonaro perdeu, Lula deu uma aula magna
Por Camilo Aggio