Mundo

ONU critica ataques de Bolsonaro ao Judiciário e às urnas eletrônicas

‘O que me parece mais preocupante é que o presidente peça a seus simpatizantes que protestem contra as instituições judiciais’, disse Bachelet

ONU critica ataques de Bolsonaro ao Judiciário e às urnas eletrônicas
ONU critica ataques de Bolsonaro ao Judiciário e às urnas eletrônicas
Foto: Fabrice COFFRINI / AFP
Apoie Siga-nos no

A ex-presidente chilena Michelle Bachelet, que em 31 de agosto deixará o comando do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, criticou nesta quinta-feira 25 os ataques do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro ao Poder Judiciário.

“O presidente Bolsonaro intensificou os ataques ao sistema judiciário e ao sistema de votação eletrônica”, declarou, ao citar uma reunião do chefe de Estado brasileiro com embaixadores em julho. “O que me parece mais preocupante é que o presidente peça a seus simpatizantes que protestem contra as instituições judiciais”, respondeu Bachelet ao ser questionada sobre a situação no Brasil durante sua entrevista coletiva de fim de mandato.

O presidente brasileiro, que chegou ao poder em 2019 e é candidato à reeleição, questionou diversas vezes a confiabilidade das urnas eletrônicas utilizadas no país desde 1996, mencionando “fraudes” mas sem apresentar qualquer prova. Os ataques provocam o temor de que não reconhecerá o resultado da eleição presidencial de outubro em caso de derrota.

Esta semana, ele declarou que aceitará o resultado das urnas se as eleições forem “limpas e transparentes”.

Bachelet destacou que um chefe de Estado deve respeitar os outros poderes, Judiciário e Legislativo.

“Podemos não concordar com decisões tomadas pelos outros poderes a afirmar isto se for necessário, mas é preciso respeitá-los”, insistiu.

“Não podemos fazer coisas que possam aumentar a violência ou o ódio contra as instituições democráticas, que devem ser respeitadas e reforçadas. Não devemos tentar miná-las com discursos políticos”, afirmou, antes de explicar que dava o conselho como alta comissária e como ex-chefe de Estado.

Bachelet disse ainda que está “realmente preocupada” com as informações que circulam sobre o aumento da violência política, do racismo estrutural e a diminuição do espaço cívico no Brasil.

“Os ataques contra os parlamentares e os candidatos – em particular os de origem africana, as mulheres e as pessoas LGBTQIA+ – são preocupantes”, disse.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo