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Justiça dos EUA está pronta para divulgar mandado de busca em mansão de Trump

O Washington Post reportou que alguns dos documentos procurados podem estar relacionados com o arsenal nuclear americano

Justiça dos EUA está pronta para divulgar mandado de busca em mansão de Trump
Justiça dos EUA está pronta para divulgar mandado de busca em mansão de Trump
Trump levou documentos públicos da Casa Branca - Imagem: Jim Watson/AFP
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A Justiça dos Estados Unidos está pronta para divulgar nesta sexta-feira (12) os documentos judiciais que levantariam o véu sobre os motivos da operação de busca e apreensão sem precedentes ocorrida esta semana na mansão do ex-presidente Donald Trump na Flórida.

A diligência, classificada de “operação política” por simpatizantes do magnata republicano, foi realizada na segunda-feira na residência de Trump em Mar-a-Lago, em Palm Beach, por agentes do FBI, a polícia federal investigativa dos EUA.

Segundo a imprensa, as buscas teriam sido motivadas pelo possível manuseio incorreto de documentos classificados, que Trump teria levado para sua propriedade na Flórida, após deixar a Casa Branca em janeiro de 2021.

O Washington Post reportou que alguns dos documentos procurados podem estar relacionados com o arsenal nuclear americano. Contudo, Trump denunciou nesta sexta, em sua rede social Truth Social, que o FBI poderia ter “plantado informações” em sua residência.

A presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, disse hoje que não havia sido informada sobre os motivos das buscas, mas lembrou que a lei regulamenta estritamente a posse de documentos confidenciais.

“É preciso reconhecer que esta informação, tal como foi divulgada – vamos saber mais posteriormente -, é altamente confidencial, muito acima do nível ‘top secret’ [ultrassecreto]”, disse ela em coletiva de imprensa, na qual falou de um assunto potencialmente “muito grave”.

A disposição incomum do Departamento de Justiça de tornar público o mandado de busca, anunciada na quinta-feira pelo procurador-geral e secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, foi bem recebida pelo ex-presidente.

“Não só não me oporei à divulgação dos documentos relacionados com as buscas […] como darei um passo adiante ao INCENTIVAR a publicação imediata desses documentos”, escreveu o magnata na Truth Social. Ele, no entanto, se absteve de divulgar a cópia do mandado judicial que recebeu.

A operação de busca e apreensão em Mar-a-Lago provocou uma tempestade política em um país já bastante dividido e acontece no momento em que Trump cogita se candidatar novamente à Casa Branca.

‘Importante interesse público’

Os advogados de Trump têm até as 15h00 locais (16h00 em Brasília) para responder à proposta de Garland, que garantiu na quinta-feira, durante uma roda de imprensa excepcional, ter “aprovado pessoalmente” as buscas.

O procurador-geral também denunciou, durante seu breve pronunciamento televisionado, os “ataques infundados” dos republicanos contra o Departamento de Justiça e o FBI.

“O Departamento [de Justiça] não toma uma decisão assim à toa”, assinalou, ao acrescentar que o caso é de “importante interesse público”, a três meses das eleições legislativas de meio de mandato.

Ao pedir que o sigilo do mandado judicial fosse levantado, o Departamento de Justiça citou, sem contradizê-las, as declarações de representantes de Trump indicando que o FBI buscava documentos de arquivo da Casa Branca, possivelmente segredos de defesa classificados.

A operação de segunda-feira foi a primeira na história dos Estados Unidos na casa de um ex-presidente.

Indignado, Trump disse na segunda-feira na Truth Social que seus advogados estavam cooperando “plenamente” com as autoridades quando, “de repente, e sem aviso prévio, Mar-a-Lago foi invadida, às 6h30, por uma quantidade MUITO grande de agentes”.

Em particular, se queixou de que os policiais “revistaram os armários da primeira-dama” Melania Trump, “e vasculharam suas roupas e artigos pessoais”.

Na quarta, ele já havia sugerido que o FBI poderia ter “plantado” provas falsas contra si durante a operação.

Bloco

Embora sejam conhecidos por seu apoio às forças de segurança, simpatizantes republicanos reprovaram a intervenção do FBI.

Uma associação de agentes denunciou chamados “inaceitáveis […] de violência contra a polícia”.

Ontem, um homem armado que havia tentado entrar nos escritório do FBI em Ohio (norte) foi morto pela polícia após um longo enfrentamento.

Depois da operação em Mar-a-Lago, dirigentes republicanos formaram um bloco compacto de defesa do ex-presidente, quem mantém forte controle sobre o partido conservador.

Seu ex-vice-presidente Mike Pence, embora seja um adversário potencial de Trump nas prévias republicanas, expressou sua “profunda preocupação” após a operação policial.

Na quarta, apenas dois dias depois das buscas do FBI, Trump foi interrogado durante quatro horas no escritório da procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, que investiga as práticas comerciais da Organização Trump.

Segundo a imprensa americana, o ex-presidente invocou mais de 400 vezes o seu direito a não responder preguntas consagrado na Quinta Emenda da Constituição.

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