Sociedade
O que se sabe sobre a morte de um vigilante e os próximos passos da defesa de Marcelo Arruda
Após o suicídio de Claudinei Esquarcini, os advogados da família do petista protocolaram um pedido de novas diligências
A Polícia Civil do Paraná investiga a morte de Claudinei Coco Esquarcini, apontado como responsável pela operação do equipamento de vigilância do local onde o tesoureiro do PT Marcelo Arruda foi assassinado pelo policial penal bolsonarista Jorge Guaranho, no sábado 9, em Foz do Iguaçu.
Conforme o boletim de ocorrência, Esquarcini, 44 anos, tirou a própria vida no domingo 17, em um viaduto em Medianeira. Vigilante da Itaipu, ele também era um dos diretores da Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu, a Aresf, onde Arruda comemorava seus 50 anos com uma festa temática sobre o PT na noite em que morreu.
Antes de disparar contra Arruda, Guaranho viu imagens da festa enquanto participava de um churrasco com amigos. Assim, a defesa da família do tesoureiro petista quer preencher as lacunas entre o primeiro acesso às imagens, a disponibilização do vídeo a terceiros e a visualização do registro pelo bolsonarista.
Inicialmente, circularam pelas redes sociais boatos de que o fato de Esquarcini ter tirado a própria vida teria relação com o assassinato de Arruda. Conforme apurou CartaCapital até aqui, contudo, não há indícios concretos de que ele tenha enviado a outras pessoas por conta própria as imagens da festa.
Após o suicídio, os advogados da família de Arruda protocolaram na Vara Criminal de Foz do Iguaçu um pedido de novas diligências a fim de entender se há ligação entre o suicídio e o assassinato do petista.
No documento, a defesa menciona o depoimento do presidente da Aresf, Antonio Marcos de Souza, à polícia paranaense. Na oitiva, ele reforçou a ligação de Esquarcini com o controle das câmeras de segurança. A peça também cita outro vigilante da Itaipu, identificado como José Augusto Fabri, a afirmar que Esquarcini era quem “disponibilizava as senhas”. Leia o trecho abaixo:
Diante dos novos fatos, a defesa da família de Arruda pede que a Justiça intime o presidente da Aresf a apresentar a relação completa dos membros do clube. Cobra também busca e apreensão do celular de Esquarcini, “tendo em vista que os equipamentos celulares de [nomes de duas testemunhas que mostraram o vídeo da festa ao atirador] foram utilizados pelo criminoso para visualizar as câmeras”.
Após a apreensão do equipamento, prossegue a defesa, deve haver a quebra dos sigilos telefônico e telemático, com o objetivo de extrair todas as chamadas, áudios, vídeos e outras formas de comunicação. “Há risco de destruição de provas e as medidas e diligências requeridas são de natureza urgente”, anotam os advogados.
Em nota, a Polícia Civil do Paraná informou que imagens de câmeras de segurança mostram que Esquarcini estava sozinho quando se atirou do viaduto. Ainda segundo a corporação, o homem chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu.
A polícia concluiu o inquérito sobre o assassinato de Arruda na última sexta-feira 15. No relatório, descartou motivação política e indiciou Guaranho por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar perigo comum.
No domingo 17, o site UOL divulgou trecho do depoimento de uma vigilante que informou à polícia ter ouvido Guaranho gritar “aqui é Bolsonaro” dois minutos antes de assassinar Arruda.
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