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‘Foi um ato político’, diz irmão de Marcelo Arruda, assassinado por um bolsonarista
Luiz Arruda conversou com Jair Bolsonaro, por telefone, após o crime


Um dos irmãos do tesoureiro do PT assassinado em Foz do Iguaçu (PR) por um policial penal bolsonarista afirmou, neste domingo 17, que o caso se trata de “um ato político”.
Ao anunciar a conclusão do inquérito, na última sexta-feira 15, a Polícia Civil disse descartar motivação política no assassinato de Marcelo Arruda. O bolsonarista Jorge Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar perigo comum.
Uma vigilante informou à polícia ter ouvido Guaranho gritar “aqui é Bolsonaro” dois minutos antes de assassinar Arruda a tiros, durante uma festa de aniversário que tinha como temas o PT e o ex-presidente Lula.
Irmão de Marcelo, Luiz Donizete Arruda participou de um ato em memória do petista neste domingo, em Foz do Iguaçu. Além de familiares, marcaram presença lideranças do PT, como a presidenta nacional da legenda, Gleisi Hoffmann.
Luiz Arruda conversou com o presidente Jair Bolsonaro por telefone após o crime. Mesmo não sendo simpatizante do PT, Luiz discordou da conclusão da Polícia e afirmou que o momento é de condenar “todo ato de violência, de qualquer lado”.
“Não é proibido ter posição política. Proibido e inaceitável é agressão ao ser humano. Não é porque ele tinha um lado político diferente do meu que o amor de família tem que ser diferente”, discursou neste domingo. “Infelizmente foi um ato político, ele (assassino) só teve a reação porque viu um movimento diferente do dele. Precisamos condenar, para que a gente não tenha outros Marcelos por aí.”
A viúva de Marcelo, Pâmela Silva, disse que seu companheiro “lutou e defendeu as pessoas que estavam na festa”. Um dos filhos de Marcelo, Leonardo Arruda afirmou que seu objetivo é dar continuidade às lutas do pai, como por “liberdade de expressão e igualdade entre pessoas seja qualquer gênero, religião e opção política”.
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