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As amarras imaginadas pelo governo Bolsonaro dificultam a reversão da venda da Eletrobras

Dentro e fora. Na porta da Bolsa de Valores de São Paulo, um pequeno grupo de manifestantes pede, em vão, o cancelamento do processo de capitalização. Enquanto isso, sob os holofotes, Guedes realiza um sonho de 30 anos - Imagem: Nelson Almeida/AFP e Gustavo Raniere/ME
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Jair Bolsonaro foi à Bolsa de Valores de São Paulo na terça-feira 14 para celebrar a segunda maior capitalização de uma empresa na história brasileira. Apesar da ocasião festiva para o “mercado” e os neoliberais do governo, o presidente ficou calado no evento, enquanto do lado de fora havia protestos contra o negócio que, na prática, privatizou a Eletrobras. Seria o silêncio presidencial uma demonstração de vergonha? Na eleição de 2018, o capitão se dizia “favorável a privatizar muitas coisas no Brasil, mas a questão energética, não”, por ser uma área “estratégica”, que não devia ficar em mãos privadas ou gringas com poder de “decidir o preço da nossa energia e onde no futuro chegará essa energia”. Não deve ter sido vergonha, não. O presidente, que desde a posse mente ao mundo da tribuna da ONU todo mês de setembro, ao abrir a Assembleia-Geral, parece desprovido de superego. Ademais, havia levado ele próprio ao Congresso a lei de privatização da holding de energia, em fevereiro de 2021, sinal de que mandara às favas as palavras do candidato.

Paulo Guedes, o ministro da Economia com grana em paraíso fiscal, estava falante na Bolsa. Foi a glória para o ­Chicago Boy, que sonhava com a entrega da empresa a particulares desde os tempos de colaborador clandestino do governo Collor, há 30 anos. “A maior geradora de energia limpa e renovável do mundo agora está livre”, tascou. Livre, segundo ele, para investir e crescer. Uma das razões alegadas desde o governo Temer para justificar a privatização era a falta de caixa da Eletrobras para investir. Curioso: de 2018 a março de 2022, a empresa acumulou lucros de 38,8 bilhões de reais.

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