Gasolina na fogueira

“O dia foi de pânico no mercado de câmbio”, resumiu Vanessa Blum Colloca, diretora da corretora ­Getmoney, ao comentar a reação dos mercados, na terça-feira 7, à proposta do governo para desonerar impostos sobre combustíveis. Que caiu como uma bomba também no mercado de juros, levando as taxas dos contratos futuros com vencimento após 2027 a fechar no pico do ano. O dólar comercial bateu a máxima de 4,9354 reais e fechou em alta de 1,63%, a 4,8741 reais. O juro para janeiro de 2027 saltou 0,20 ponto porcentual, para fechar em 12,595%. A possibilidade de o corte de tributos desacelerar a inflação foi engolida pelo vislumbre dos riscos fiscais embutidos. “A leitura que o mercado faz é que tudo é possível nas tentativas do presidente para reverter sua impopularidade no período eleitoral”, afirma Rodrigo Moliterno, head de Renda Variável da Veedha Investimentos. A proposta prevê zerar os impostos federais sobre gasolina e etanol até o fim do ano, e zerar o ICMS sobre diesel e gás de cozinha, pagando uma compensação de 27 bilhões de reais aos estados e municípios, para perdas que são calculadas entre 80 bilhões e 115 bilhões de reais. O líder dos caminhoneiros, conhecido como Chorão, fulminou: “É uma solução Tabajara”.