Economia
Encher o tanque no Brasil devora 33% do salário mínimo
Para os brasileiros, presidente Bolsonaro tem mais culpa sobre a alta que a guerra na Ucrânia, diz pesquisa


Encher o tanque no Brasil custa mais do que em qualquer outra grande economia latino-americana. Os preços elevados dos combustíveis são uma das principais queixas contra Jair Bolsonaro a poucos meses das eleições de outubro, e os brasileiros culpam o presidente pela alta mais do que a invasão da Ucrânia, segundo pesquisa Ipespe realizada entre 16 e 18 de maio.
Embora combustível caro tenha se tornado um problema no mundo todo, não é à toa que o assunto recebe tanta atenção no Brasil, onde o custo médio de um litro de gasolina é de R$ 7,28. Os brasileiros gastam cerca de um terço de um salário mínimo para encher um tanque com capacidade média de 55 litros.
Nos EUA, essa parada no posto de gasolina custa cerca de 6% da renda mensal de um trabalhador que ganha salário mínimo.
Bolsonaro respondeu à crescente pressão apoiando o projeto de lei que limita o ICMS sobre combustíveis cobrado pelos estados. A proposta foi aprovada na Câmara na quarta-feira com apoio esmagador e agora segue para o Senado.
Ele também já demitiu três presidentes da Petrobras por conta da frustração com os preços que a estatal cobra das distribuidoras, acompanhando os níveis internacionais.
Enquanto isso, as ações da Petrobras tiveram um desempenho inferior ao de outras grandes petrolíferas desde o início da guerra na Ucrânia, principalmente por causa da preocupação dos investidores de que os lucros serão sacrificados a pedido do governo para ajudar a conter a inflação.
A situação da Petrobras de empresa estatal que também tem investidores privados a coloca em uma posição desconfortável quando os preços do petróleo sobem.
Bolsonaro diz que apoia a privatização da empresa para evitar que o governo seja responsabilizado quando os preços sobem – uma mudança acentuada de sua posição há quatro anos, quando disse que a venda do controle da petrolífera estava fora de cogitação.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas para as eleições presidenciais, é a favor de a Petrobras subsidiar o preço do combustível em vez de pagar dividendos aos acionistas.
Gasolina pelo mundo
Porcentagem do salário mínimo necessária para abastecer um tanque de 55 litros de gasolina:
Brasil: 33%
México: 24%
Argentina: 18%
Chile: 17%
Colômbia: 13%
Estados Unidos: 6%
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Câmara aprova projeto que limita ICMS sobre combustíveis e energia
Por CartaCapital
Gasolina estaria quase 20% mais cara com a privatização de refinarias, aponta levantamento
Por CartaCapital