Luiz Gonzaga Belluzzo
[email protected]Economista e professor, consultor editorial de CartaCapital.
A turma das expectativas racionais entregou a chamada ciência econômica ao pensamento mítico
“O comércio estabeleceu a marca do egoísmo, o sinal de seu todo poder escravizador, depois que se submeteu a um minério brilhante. Chamou-o de ouro, ante cuja imagem se curva a grande vulgaridade do vaidosamente rico, do miserável orgulhoso; a multidão de camponeses, nobres, sacerdotes e reis, com sentimentos ofuscantes reverenciam o poder que os reduz à poeira da miséria. Mas no templo de seus corações comprometidos Gold é um deus vivo…”
Para ilustrar essa instigante provocação do poema Queen Mab, de Percy Shelley, invoco um editorial recente lambuzado nas páginas Folha de S.Paulo. Intitulado ‘Lula pela Sexta Vez’, o escrevinhador-editorialista dispara: “Os bolores de ideias obsoletas, no entanto, não foram totalmente varridos do repertório do chefe petista. Eles se acumulam nas propostas para a economia e na confusão de desenvolvimento econômico com intervencionismo estatal… Lula insiste em defender o fortalecimento de estatais em mercados como os de energia e o financeiro (…) Advogar o fortalecimento do intervencionismo econômico, no Brasil concreto, é cevar lobbies bem posicionados que parasitam o Erário. Lula não entendeu, e isso preocupa, que o avanço da agenda social inclusiva que corretamente defende depende de fazer-se o inverso – afastar os caçadores de renda da esfera das decisões estatais”.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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