Mundo
MP alemão pede cinco anos de prisão para ex-guarda de campo nazista de 101 anos
O ex-suboficial da Waffen SS é acusado de ‘cumplicidade’ no assassinato de 3.518 prisioneiros no campo, localizado ao norte de Berlim
O Ministério Público alemão solicitou, nesta terça-feira 17, cinco anos de prisão para Josef Schütz, de 101 anos, o mais velho acusado de crimes nazistas já processado, que está sendo julgado por atos cometidos enquanto era guarda no campo de concentração nazista de Sachsenhausen.
O ex-suboficial da Waffen SS é acusado de “cumplicidade” no assassinato de 3.518 prisioneiros no campo, localizado ao norte de Berlim, entre 1942 e 1945.
Se for condenado, porém, deve evitar a prisão devido a problemas de saúde.
O procurador-geral, Cyrill Klement, disse que as provas haviam sido “totalmente confirmadas” e o acusou não apenas de se adaptar às condições do campo, mas de ter feito carreira no local.
Ao longo do julgamento, que começou em outubro no tribunal de Brandenburg-Havel, Schütz sustentou que nunca havia exercido qualquer responsabilidade em Sachsenhausen.
Para o procurador, “não há dúvida de que Schütz trabalhou em Sachsenhausen”. Por esse motivo, solicitou uma pena superior ao mínimo de três anos de prisão por cumplicidade em assassinato prevista no código penal alemão.
Schütz permaneceu impassível ao anúncio. O veredito está previsto para o início de junho.
A Alemanha, que durante anos relutou em processar todos os perpetradores de crimes nazistas, expandiu na última década suas investigações aos guardas de campos e outros que fizeram parte da máquina nazista.
Mas os julgamentos de pessoas muito idosas levantaram questões sobre justiça tardia.
O julgamento de Josef Schütz, que tinha 21 anos quando os eventos começaram, teve de ser interrompido várias vezes devido à sua saúde. Ele é suspeito de, entre outras coisas, atirar em prisioneiros soviéticos e “ajudar e ser cúmplice” de “assassinatos com gás” do tipo Zyklon B.
O campo de Sachsenhausen, ativo entre 1936 e 22 de abril de 1945, quando os soviéticos o libertaram, recebeu 200.000 prisioneiros, principalmente opositores políticos, judeus e homossexuais.
Dezenas de milhares deles morreram, principalmente por exaustão devido ao trabalho forçado e às duras condições de vida.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.


