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Bolsonaro minimiza novo escândalo do MEC e defende ‘liberdade’ dada a ministros
‘Há pouco tempo, instituições, bancos, estatais e ministérios só iam para as páginas por motivos de escândalos. Hoje isso não acontece’, disse o presidente


O presidente Jair Bolsonaro defendeu, nesta quinta-feira 7, a liberdade com a qual conduz seus ministérios, secretarias e instituições como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
“As pessoas só podem ter iniciativa se tiverem liberdade. No passado, não tinha como dar certo”, declarou.
“Há pouco tempo, instituições, bancos, estatais e ministérios só iam para as páginas por motivos de escândalos. Hoje isso não acontece porque tive a coragem de convidar pessoas que podiam levar adiante o trabalho dessas instituições “, defendeu o presidente durante solenidade de apresentação de novas linhas de crédito do Banco do Brasil a produtores rurais e caminhoneiros autônomos.
A declaração do presidente ocorre no mesmo dia em que novas denúncias envolvem o repasse de verbas do Ministério da Educação a municípios de Alagoas para compra de kits de robóticas. A pasta repassou um total de 26 milhões, via FNDE, a sete municípios que enfrentam problemas de ordem primária nas escolas, tal como falta de salas de aula, internet e água encanada.
Ainda durante o evento, o presidente minimizou as denúncias de corrupção que recaem sobre o seu governo, três envolvendo o MEC, como o suposto gabinete paralelo com a atuação dos pastores Arilton Moura e Gilmar dos Santos, e o superfaturamento de ônibus escolares.
“A imprensa fala em sete casos de corrupção no governo. Poxa, chegaram a isso? Buscamos fazer a coisa certa e investimos na prevenção, e sempre procuramos se antecipar àqueles que, de vez em quando, até por boa fé, erram”, declarou.
Presidente parabenizou rejeição à urgência do PL das Fake News
Ainda durante seu discurso, Bolsonaro parabenizou o fato de a Câmara dos Deputados ter rejeitado, na quarta-feira 6, um requerimento de urgência para tramitação do PL das Fake News. A votação terminou em 249 votos favoráveis à aceleração da proposta e 207 contra. Eram necessários 257 votos, apenas oito a mais, para aprová-lo e levar a proposta diretamente ao plenário.
Com isso, o texto seguirá um rito mais longo, com análise por outras comissões. A proposta foi relatada por Orlando Silva (PCdoB-SP) e institui novas regras de atuação para plataformas digitais e provedores de internet, além de criar mecanismos para coibir a disseminação de notícias falsas.
“Parabenizo os parlamentares que não deram urgência ao projeto das fake news. Quem abre mão de um pouco da sua liberdade para ter segurança, acaba nao tendo nem liberdade nem segurança”, declarou o presidente, que ainda questionou a competência do relator Orlando Silva.
“O relator era um deputado do PCdoB. Não pode vir coisa boa de quem defende o comunismo”.
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