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Guardas municipais agridem professores em greve em Feira de Santana (BA)

Desde a quinta-feira, docentes ocupam o prédio da Prefeitura para reivindicar melhores condições de trabalho

Guardas municipais agridem professores em greve em Feira de Santana (BA)
Guardas municipais agridem professores em greve em Feira de Santana (BA)
Créditos: Divulgação
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Um vídeo que circula nas redes sociais, nesta sexta-feira 1, mostra integrantes da guarda municipal de Feira de Santana agredindo com cassetetes o militante do PSOL Rafael Moreira, que atua como assessor do vereador Jonathas Monteiro. Desde a quinta-feira 31, o parlamentar e sua equipe acompanham professores que estão em greve, por tempo indeterminado, e ocupam o prédio da Prefeitura, como forma de reivindicar melhores condições de trabalho.

Os professores pedem reajuste salarial, pagamento integral do salário, licença prêmio, melhores condições de trabalho, mais contratação de professores e merenda escolar. A categoria afirma que chegou a apresentar um conjunto de pautas à secretária municipal de Educação, Anaci Paim, mas que as negociações não avançaram.

Ao denunciar a agressão em suas redes, o vereador Jonathas Monteiro pediu que pessoas comparecessem ao prédio da Prefeitura para garantir a integridade física dos manifestantes. Monteiro culpa o prefeito da cidade Colbert Martins (MDB) pela violência contra a categoria.

O vereador também acusou a guarda municipal de não só agredir o seu assessor como mantê-lo preso em uma sala, na companhia dos policiais, sem que a equipe tivesse acesso ao seu estado de saúde. Um dos integrantes do mandato do vereador afirmou à reportagem de CartaCapital que foi registrado um boletim de ocorrência por cárcere privado e que os agentes tentaram utilizar a prisão do militante como moeda de troca, para desmobilizar a ocupação.

A Prefeitura de Feira de Santana publicou uma nota em seu site alegando que Rafael teria agredido um policial da guarda civil, Josevaldo Brito Menezes, com uma cotovelada no rosto, e que por isso foi contido, para então ser levado à delegacia, onde seria prestada queixa. A equipe do vereador pesolista nega a versão.

Já noite da quinta-feira, dia em que os trabalhadores iniciaram a ocupação do prédio, o vereador Jonathas Monteiro publicou um vídeo de uma primeira ação da guarda municipal contra os manifestantes, na tentativa de desocupar o prédio público. Os agentes usam spray de pimenta e extintores de incêndio. No momento da ação, o edifício se encontra-se sem luz.

À reportagem, um dos integrantes do mandato do vereador explicou que a ação ocorreu depois que o prefeito Colbert Martins ordenou o fechamento da Prefeitura e o corte de luz da unidade.

No início da tarde desta sexta-feira, a Justiça determinou, em liminar, a desocupação imediata do Paço Municipal e também o desbloqueio da via pública nas imediações da Prefeitura. A liminar prevê multa no valor de R$ 5 mil por hora em caso de descumprimento da decisão.

No documento, o juiz Nunisvaldo dos Santos, da 2ª Vara da Fazenda Pública, autorizou o uso de força policial ”para garantir eventual desbloqueio dos prédios e da via pública, de modo a garantir a incolumidade física das pessoas e do patrimônio, bem como o livre exercício das atividades desempenhadas em seus órgãos”.

Ainda de acordo com a liminar, cabe ao oficial de Justiça, por ordem, requisitar a força policial para o cumprimento da decisão.

No pedido, a Procuradoria Geral cita como responsáveis pela atitude ilegal e criminosa o vereador e presidente da Câmara, Fernando Torres, os vereadores Silvio Dias, Jhonatas Monteiro, o chefe da assessoria de comunicação  do Legislativo, Marcos Valentim, e Marlede Oliveira.

Em nota, a executiva nacional do PSOL repudiou o que chamou de ‘covarde ataque’ do prefeito de Feira de Santana (BA), Colbert Martins (MDB), ao movimento dos trabalhadores e trabalhadoras da educação. “A reação do prefeito ao movimento legítimo foi agredir a categoria e apoiadores, inclusive mulheres e crianças, o vereador do PSOL, Jhonatas Monteiro, e seu assessor de comunicação, Rafael Moreira”, destacou o partido.

A legenda ainda reivindicou a liberação imediata de Rafael Moreira e a “apuração dos abusos cometidos pela Guarda Municipal, bem como a retomada imediata das negociações com os trabalhadores e trabalhadoras da educação”.

A reportagem de CartaCapital entrou em contato com a prefeitura e aguarda manifestação.

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