Economia
A alta do petróleo expõe o erro da política da Petrobras
A incerteza sobre os preços dos combustíveis dominou as atenções dos mercados financeiros nos últimos dias


Por suas implicações para a Bolsa, a inflação e a eleição, a incerteza sobre os preços dos combustíveis dominou as atenções dos mercados financeiros nos últimos dias, em que se sucederam reuniões do alto escalão do governo no Palácio do Planalto, votações no Congresso, alertas e advertências de entidades privadas e uma perda de ao menos 34 bilhões de reais de valor de mercado da Petrobras só no pregão da segunda-feira 7, depois de o presidente Jair Bolsonaro voltar a insinuar que mandaria a estatal congelar os preços. “Não tem congelamento. Esquece esse troço”, disparou o ministro da Economia, Paulo Guedes, a jornalistas, após uma tarde de negociações com Ciro Nogueira (Casa Civil), Bento Albuquerque (Minas e Energia), o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no Planalto.
Trataram de um subsídio federal ao diesel e à gasolina, que duraria de três a seis meses e custaria, no mínimo, 25 bilhões de reais. Isso exigiria um crédito fora do teto de gastos. No Senado, dois projetos sobre o tema circulam: um unifica a alíquota e fixa o valor do ICMS dos combustíveis, outro cria uma conta para financiar a estabilização de preços. A estatal não reajusta o preço dos combustíveis há mais de 50 dias, quando o barril estava na casa de 80 dólares. Agora, passou dos 130, salto de mais de 60%.
Imagem: Grupo RBS/Divulgação
SEM COCA, COM DANONINHO
Imagem: AFP/Arquivo
Coca-Cola e McDonald’s engrossaram a fila de empresas internacionais que suspenderam as operações na Rússia. A Danone anunciou, no entanto, sua permanência no país, de onde tira 6% do faturamento mundial, alegando ter responsabilidades com seus funcionários e fornecedores. O McDonald´s informou que continuará a pagar seus 62 mil funcionários russos. Segundo a Universidade de Yale, que mantém um cadastro dos negócios internacionais na Rússia, ao menos 230 companhias aderiram ao boicote ao país.
O REAL BRILHA
Imagem: iStockphoto
Apostas a favor do real na Bolsa de Chicago bateram recorde na semana terminada em 1º de março, justamente no início da guerra da Ucrânia, que desencadeou a onda altista das commodities e a percepção de que capitais destinados à Rússia poderiam ser desviados para o Brasil. O saldo de contratos de compra da moeda – uma “aposta” na valorização – saltou a 50.448, o maior da série histórica.
GET OFF MY CLOUD!
O início da semana no ciberespaço foi nublado pelo ataque de hackers ao Mercado Livre, que expôs os dados de 300 mil usuários do serviço de compras online, e uma falha global do serviço de computação em nuvem do Google. Spotify, Nubank e Discord tiveram instabilidade de acesso. O serviço de nuvem da AWS, da americana Amazon, também teve relatos de instabilidade na tarde da terça-feira.
ALTO CUSTO, BAIXO RENDIMENTO
Imagem: iStockphoto
A redução de 25% do IPI pode custar aos cofres públicos até 19,1 bilhões de reais ao ano, calcula a Instituição Fiscal Independente. O preço dos carros cairá entre 1,7% e 1,8%, diz o presidente da associação das concessionárias, a Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior.
PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1199 DE CARTACAPITAL, EM 16 DE MARÇO DE 2022.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A guerra de preços”
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