Política
Lula: Se for conversar só com quem não votou no impeachment da Dilma, não tem com quem conversar
‘Se ter o Alckmin como vice é o que vai facilitar ganhar e governar, não vejo nenhum problema’, explicou o ex-presidente


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) justificou nesta terça-feira 15 a aproximação de sua candidatura e do PT com partidos que, em 2016, apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff. Segundo explicou, se esse fosse seu único critério, ele ‘estaria paralisado’ na nova disputa presidencial.
“Se for pra conversar só com quem não votou no impeachment da Dilma, você não tem com quem conversar, porque 90% da classe política votou no impeachment da Dilma. Então se eu ficar pensando só nisso, estou paralisado diante da política”, justificou Lula em entrevista a uma rádio do Paraná ao ser questionado sobre alianças com PSB, de Carlos Siqueira, e conversas com o PSD, de Gilberto Kassab.
De acordo com o ex-presidente, ao fazer as novas aproximações com antigos ‘adversários’, ele está pensando apenas no futuro do Brasil e não mais ‘olhando para o passado’.
“Se eu tiver que conversar com essas pessoas, vou conversar, porque eu preciso pensar no Brasil a partir de 2023 e não o Brasil de 2014, 2015, 2010 ou 2011. […] Tenho que conversar com quem foi eleito, se você não gosta de conversar com os contrários, é melhor então você não ser político”, respondeu o petista.
Justificativa semelhante foi usada por ele na entrevista para sinalizar positivamente ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. A expectativa é de que o ex-tucano se filie ao PSB ou ao PSD para ser vice na chapa de Lula.
“A grande arte da política é você aprender a conviver democraticamente na diversidade. Eu não quero um vice igual a mim. Não preciso de um vice do meu partido. Já dei demonstração disso em 2002, quando coloquei o José de Alencar, que era empresário do PL”, relembrou o ex-presidente.
“Ainda não está certo que o Alckmin é o vice […] . Mas se ter o Alckmin como vice é aquilo que vai facilitar a possibilidade de ganhar e governar, eu sinceramente não vejo nenhum problema em ter ele como meu vice”, destacou Lula.
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