Política
Bolsonaro: ‘Pode ser que não tenha reajuste para ninguém’
Ele admitiu que até a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) podem ficar sem aumento em 2022


Em meio à adesão em massa dos servidores públicos federais ao movimento de operação padrão e entrega de cargos comissionados no governo, o presidente Jair Bolsonaro pediu sensibilidade ao funcionalismo e reafirmou que não há espaço no orçamento para reajustes salariais neste ano. Ele admitiu que até a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) podem ficar sem aumento em 2022.
“Primeiramente, não está garantido o reajuste para ninguém. Tem uma reserva de R$ 2 bilhões que poderia ser usada para a PF e a PRF, além do pessoal do sistema prisional. Mas outras categorias viram isso e disseram ‘eu também quero’, e veio essa onda toda”, afirmou Bolsonaro, neste sábado (8), ao participar da festa de aniversário do advogado Geral da União, Bruno Bianco.
Bolsonaro lembrou que os servidores estão sem reajustes há três anos e passaram a contribuir mais após a reforma da Previdência.
“Reconheço que os servidores perderam bastante o poder aquisitivo, mas apelo para a sensibilidade deles. A proposta de Rodrigo Maia na pandemia era de cortar 25% dos salários do funcionalismo e decidimos por apenas congelar os salários por 1 ano e meio”, argumentou.
“Não tem espaço no orçamento. Pode ser que não tenha reajuste para ninguém. Tudo é possível”, acrescentou.
O movimento começou após o presidente Bolsonaro anunciar em dezembro que faria uma reestruturação das carreiras policiais ligadas ao Ministério da Justiça, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.
O governo chegou a reservar R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022 para atender apenas as categorias de segurança que são base de apoio do seu governo.
O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) aprovou no fim de dezembro um calendário de mobilização de servidores públicos por reajuste salarial, incluindo paralisações em janeiro – a primeira no dia 18 -, e assembleias em fevereiro para deliberar sobre uma greve geral.
Vacina para crianças – Após o governo finalmente anunciar a imunização de crianças de 5 a 11 anos sem a necessidade de prescrição médica, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer há pouco não ter conhecimento de casos de internações de crianças por covid-19.
“Não vi crianças sequer serem internadas por causa da pandemia, quanto mais óbitos. É uma raridade”, afirmou.
Bolsonaro disse ainda que defendeu desde o começo da pandemia que as crianças continuassem em sala de aula.
“Apanhei muito por causa disso. Fechar escolas foi um crime. Nas guerras morre muita gente dentro das trincheiras por medo de lutar. Não tem como ficar em casa esperando a onda passar porque não vai passar. Outras cepas vão vir, o vírus vai se mutando, até que chega o dia que a imunidade de rebanho encerra a pandemia”, argumentou.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.