Política
Procurador compara acusação a acidente com Césio 137
Defensor de Goiás diz que reportagem sobre governador ‘estigmatiza’ população e promete processar CartaCapital


Vinte e cinco anos após o acidente com o Césio 137, uma das maiores tragédias radioativas do País, Goiás está novamente no centro de um novo “ataque violento”. Desta vez, não por causa dos efeitos da radiação, mas do “estigma” gerado pela reportagem de capa de CartaCapital sobre as relações entre o governo local e o contraventor Carlinhos Cachoeira.
É o que diz o procurador-geral do estado, Ronaldo Bicca, que ameaça processar a revista por suposta ofensa ao governador e à população goiana. Assinada pelo repórter Leandro Fortes, a reportagem de capa da última edição da revista mostra, com base em investigações da Polícia Federal, como Cachoeira, preso e investigado na Operação Monte Carlo, interferia no governo de Marconi Perillo (PSDB-GO).
Foi o suficiente para que o procurador-geral do estado afirmasse, segundo relato do portal Terra, que os goianos estão sendo novamente “atacados violentamente”, “estigmatizados” e “discriminados”, como na época do acidente com o Césio 137.
“Os goianos não merecem ser taxados como moradores de um estado que é dominado pelo crime”, disse o procurador, conforme relato do portal.
“O que estigmatiza os políticos do estado neste momento não é a nossa reportagem, mas o fato de o crime organizado estar infiltrado nas entranhas do poder público. Tóxica é a corrupção”, afirma Sergio Lirio, redator-chefe de CartaCapital.
O procurador se disse ainda “indiferente” à suspeita de que as revistas com a reportagem desapareceram das bancas no estado. Disse que este é um assunto entre a revista e “quem vai à banca comprar”.
A reportagem que irritou o procurador do estado mostra uma conversa interceptada em 5 de janeiro de 2011 entre Cachoeira e seu principal auxiliar, Lenine Araújo de Souza. O bicheiro se queixava porque um de seus indicados para o governo, identificado apenas como Caolho, havia sido preterido pelo governador.
“O Marconi, hora que souber disso (sic), vai ficar puto”, reclama Cachoeira no telefonema. E ainda completa: “O Demóstenes (Torres, senador do DEM também investigado após as revelações) já está ligando pra ele (Marconi)”, diz, em diálogo interceptado com autorização judicial.
Sobre a intimidação, o jornalista Leandro Fortes respondeu: “Apesar de trágico, soou como um elogio, se bem estabelecida a metáfora. Tola é a tentativa de colocar o estado de Goiás contra mim, eu, demônio estigmatizante. Eu não acredito que as pessoas do estado de Goiás sejam moralmente cegas e surdas. Talvez o procurador não entenda, mas, entre outras coisas, fiz a matéria porque me solidarizo com toda a gente honesta do estado de Goiás.”
Vinte e cinco anos após o acidente com o Césio 137, uma das maiores tragédias radioativas do País, Goiás está novamente no centro de um novo “ataque violento”. Desta vez, não por causa dos efeitos da radiação, mas do “estigma” gerado pela reportagem de capa de CartaCapital sobre as relações entre o governo local e o contraventor Carlinhos Cachoeira.
É o que diz o procurador-geral do estado, Ronaldo Bicca, que ameaça processar a revista por suposta ofensa ao governador e à população goiana. Assinada pelo repórter Leandro Fortes, a reportagem de capa da última edição da revista mostra, com base em investigações da Polícia Federal, como Cachoeira, preso e investigado na Operação Monte Carlo, interferia no governo de Marconi Perillo (PSDB-GO).
Foi o suficiente para que o procurador-geral do estado afirmasse, segundo relato do portal Terra, que os goianos estão sendo novamente “atacados violentamente”, “estigmatizados” e “discriminados”, como na época do acidente com o Césio 137.
“Os goianos não merecem ser taxados como moradores de um estado que é dominado pelo crime”, disse o procurador, conforme relato do portal.
“O que estigmatiza os políticos do estado neste momento não é a nossa reportagem, mas o fato de o crime organizado estar infiltrado nas entranhas do poder público. Tóxica é a corrupção”, afirma Sergio Lirio, redator-chefe de CartaCapital.
O procurador se disse ainda “indiferente” à suspeita de que as revistas com a reportagem desapareceram das bancas no estado. Disse que este é um assunto entre a revista e “quem vai à banca comprar”.
A reportagem que irritou o procurador do estado mostra uma conversa interceptada em 5 de janeiro de 2011 entre Cachoeira e seu principal auxiliar, Lenine Araújo de Souza. O bicheiro se queixava porque um de seus indicados para o governo, identificado apenas como Caolho, havia sido preterido pelo governador.
“O Marconi, hora que souber disso (sic), vai ficar puto”, reclama Cachoeira no telefonema. E ainda completa: “O Demóstenes (Torres, senador do DEM também investigado após as revelações) já está ligando pra ele (Marconi)”, diz, em diálogo interceptado com autorização judicial.
Sobre a intimidação, o jornalista Leandro Fortes respondeu: “Apesar de trágico, soou como um elogio, se bem estabelecida a metáfora. Tola é a tentativa de colocar o estado de Goiás contra mim, eu, demônio estigmatizante. Eu não acredito que as pessoas do estado de Goiás sejam moralmente cegas e surdas. Talvez o procurador não entenda, mas, entre outras coisas, fiz a matéria porque me solidarizo com toda a gente honesta do estado de Goiás.”
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.