Cultura
Eles cresceram
Lançado em 2019, Turma da Mônica: Laços vendeu 2 milhões de ingressos e tornou-se um bem-sucedido exemplar do cinema capaz de agradar a crianças e adultos. Se o segundo filme da série, em cartaz a partir de 30 de dezembro, alcançasse o mesmo padrão do […]


Lançado em 2019, Turma da Mônica: Laços vendeu 2 milhões de ingressos e tornou-se um bem-sucedido exemplar do cinema capaz de agradar a crianças e adultos. Se o segundo filme da série, em cartaz a partir de 30 de dezembro, alcançasse o mesmo padrão do primeiro, o projeto já poderia ser considerado vitorioso. Mas Turma da Mônica: Lições, faz mais que isso: dá um salto.
Enquanto em Laços a missão da turma era recuperar Floquinho, o cão do Cebolinha (Kevin Vechiatto), o que eles têm de enfrentar agora é a passagem da infância para a pré-adolescência. E nessa aventura, que é aventura da vida, não há mais ganhos sem perdas. Não há, afinal de contas, crescimento sem alguma dor.
O mote da trama é um pequeno acidente envolvendo Mônica (Julia Benites), ocorrido quando os quatro amigos tentam fugir da escola. O episódio levará os pais de Mônica a mudá-la de colégio.
Sem Mônica, Cebolinha pode até se tornar o dono da “lua” e Magali (Laura Rauseo), quem sabe, fará enfim uma nova amiga. Mas os desafios que os aguardam a partir da mudança saem do terreno das disputas infantis materializadas nas brincadeiras no bairro do Limoeiro e ganham um quê existencial – sem que com isso deixem de fazer rir.
Com humor e delicadeza, o diretor Daniel Rezende e o roteirista Thiago Dottori, agora acompanhado de Mariana Zatz, desprendem-se do caráter anedótico de cada personagem e aderem a um olhar mais complexo – presente também na graphic novel na qual o longa-metragem se baseia. Os atores mirins, eles próprios mais crescidos e mais à vontade no universo ficcional construído no primerio filme, acompanham essa evolução.
Magali, por exemplo, agiganta-se no lugar da menina que, de tão ansiosa, avança sobre os ingredientes no curso de culinária. O medo de água do Cascão (Gabriel Moreira), por sua vez, servirá de mote para a introdução do personagem Do Contra, que protagonizará, na piscina, uma cena que mostra bem o quanto o filme, embora busque a comunicabilidade com o público, não se deixou acomodar dramatúrgica e visualmente.
O aprofundamento dos coadjuvantes é, inclusive, outro dos pontos fortes de Lições. As crianças que cruzam o caminho da turma têm papéis bem delineados na jornada dos protagonistas e são, eles mesmos, variações dos modos de ser. O “outro”, parece nos dizer esse tocante filme, nada mais é do que o lugar da nossa própria incompreensão diante do diferente e diante de nós mesmos. • – Por Ana Paula Sousa
PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1188 DE CARTACAPITAL, EM 16 DE DEZEMBRO DE 2021.
CRÉDITOS DA PÁGINA: SERENDIPITY INC
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