Política

‘Lula é um líder latino-americano gigante’, diz Fernández em Buenos Aires

Em ato de celebração à democracia, o presidente argentino também rechaçou o arrocho para agradar o Fundo Monetário Internacional

Fotos: Reprodução/Redes Sociais e Ricardo Stuckert
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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, referiu-se ao ex-presidente Lula como “um líder latino-americano gigante”, durante o encerramento do Festival Democracia para Sempre, em Buenos Aires, na noite da última sexta-feira 10. Ele também se dirigiu à vice-presidenta Cristina Fernández de Kirchner, que denuncia ser vítima de lawfare – o uso de instrumentos jurídicos para perseguir opositores políticos.

“Lula, sempre que um homem passa pelo que você passou, eu falo isso. Nenhum homem merece a prisão injusta. Como estou com você, Cristina, porque sei da sua inocência e da sua honestidade”, disse Fernández diante de uma Plaza de Mayo lotada.

No pronunciamento, o presidente peronista confirmou que assumirá a dívida com o Fundo Monetário Internacional, contraída pelo governo de Mauricio Macri, mas sem aplicar um ajuste fiscal “que comprometa o crescimento” do país.

“Nós vamos cumprir as obrigações que outros assumiram, mas não será às custas da saúde pública, da educação pública, do salário ou das aposentadorias. A Argentina do ajuste é história, não há mais possibilidades de que isso ocorra.”

Fernández discursou horas depois de o FMI emitir um comunicado no qual considera que “houve avanços” nas últimas reuniões entre as equipes técnicas da Argentina e da entidade, mas que “serão necessárias mais discussões” para se chegar a um acordo de refinanciamento da dívida.

A Argentina negocia desde junho do ano passado as condições para refinanciar um empréstimo de 44 bilhões de dólares que o organismo multilateral concedeu em 2018 ao país durante a gestão de Macri.

“Nós não somos os que não queremos pagar dívidas, tampouco somos os que a tomamos. Somos os que temos de nos fazer cargo das dívidas que os sem-vergonha deixam para nós”, disparou Fernández.

Cristina Kirchner, por sua vez, se disse “um pouco desconfiada” das negociações com o FMI.

“O Fundo viveu condicionando a democracia na Argentina”, afirmou a ex-presidenta. “Sei que temos muitas dificuldades, mas diante de grandes adversidades, grandes ações. Dizem que faltam dólares à Argentina. Não é que faltem dólares, é que os levaram. Precisamos que o Fundo nos ajude a recuperar bilhões que foram para paraísos fiscais”, acrescentou.

No palanque montado em frente à Casa Rosada, sede do governo, Alberto Fernández estava acompanhado do ex-presidente do Uruguai José Mujica, de Lula e de Cristina, que discursaram antes dele pelos 38 anos da recuperação democrática em 1983, após uma sangrenta ditadura (1976-1983) que deixou 30 mil desaparecidos.

Também estavam presentes vários ativistas dos direitos humanos, que foram reconhecidos pelo governo com o prêmio Azucena Villaflor, fundadora em 1977 da organização Mães da Praça de Maio e assassinada durante a ditadura.

(Com informações da AFP)

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