Sociedade
Casos de estupros aumentam no primeiro semestre de 2021
Dados apontam uma subnotificação em 2020 e registros atuais batem recorde


Os casos de estupro voltaram a crescer no País no primeiro semestre de 2021 em comparação ao mesmo período do ano passado, o que resultou em um recorde histórico desde 2017, quando os dados começaram a ser coletados.
Levantamento inédito do Fórum Brasileiro de Segurança Pública obtido pelo G1 aponta uma subnotificação durante o período de restrições causado pela Covid-19.
Os estupros de mulheres adultas e de vulneráveis cresceram 8,3%. Nos primeiros seis meses do ano foram registrados 26.709 casos. No ano anterior, o número era de 24.664 casos.
Os dados mostram que o crescimento nas incidências do crime aumentaram justamente no período de mais restrições impostas para barrar a disseminação do vírus.
A subnotificação também pode ter sido causada pelas medidas de isolamento, apontou a diretora-executiva do Fórum, Sâmia Bueno. Isso porque o estupro não está no rol de crimes em que se pode fazer notificação pela internet, exigindo o registro do Boletim de Ocorrência de forma presencial e exames físicos.
O fechamento das escolas também contribuiu para a queda dos registros.
“Quando a gente fala de violência sexual no Brasil a gente está falando de uma violência majoritariamente praticada contra crianças e adolescentes. Muitas vezes essa violência só chega ao conhecimento de uma autoridade policial porque é um profissional da escola, um professor que percebeu alguma mudança de comportamento nessa criança”, explica Samira ao G1.
Epidemia de violência de gênero
Quanto ao crime de feminicídio, o levantamento revelou que quatro mulheres foram mortas por seus companheiros ou ex por dia no Brasil. Somente entre os meses de janeiro a junho, 666 mulheres foram vítimas de feminicídio, o maior registro da série histórica.
O número pode ser ainda maior, dado que o estado do Ceará não segue das determinações legais e registra os feminicídios como homicídios.
Além disso, quase 15% dos homicídios de mulheres cometidos no ano passado que tiveram como autor parceiros e ex-parceiros das vítimas foram registrados indevidamente, segundo o 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho.
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