Política

Após cobrança do STF, Bolsonaro edita decreto para divulgar informações do orçamento secreto

Ao suspender a execução de emendas em novembro, Rosa Weber havia determinado ‘ampla publicidade’ na prestação de contas do governo federal

Após cobrança do STF, Bolsonaro edita decreto para divulgar informações do orçamento secreto
Após cobrança do STF, Bolsonaro edita decreto para divulgar informações do orçamento secreto
Jair Bolsonaro e Arthur Lira. Foto: Marcos Corrêa/PR
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O presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto nesta quinta-feira 9 para, supostamente, dar mais transparência às emendas de relator, que formam o chamado orçamento secreto.

Conforme o texto, os ministérios terão até 90 dias para divulgar a lista de beneficiados pelos recursos. A medida obriga a publicidade dos “donos” das emendas de 2020 e 2021.

Em decisão da última segunda-feira 6, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, liberou a execução do pagamento das emendas e ampliou de 30 para 90 dias o prazo para que o Congresso Nacional informe o nome de todos os beneficiados em 2020 e em 2021.

Ao suspender os pagamentos no começo de novembro, Weber havia determinado “ampla publicidade” na prestação de contas do governo federal quanto à alocação de recursos nos redutos eleitorais dos parlamentares. 

Na terça 7, o jornal O Estado de S.Paulo informou que o deputado federal Domingos Neto (PSD-CE), relator-geral do Orçamento de 2020, contraria a versão da cúpula do Congresso de que não há registros sobre as indicações de parlamentares para a execução das emendas de relator.

Em ofício de 11 de junho, Neto aponta que parlamentares solicitaram 5,4 bilhões de reais do Ministério do Desenvolvimento Regional diretamente à Secretaria de Governo da Presidência da República, à época comandada por Luiz Eduardo Ramos.

No fim da semana passada, a Advocacia do Senado enviou a Weber um ofício em que comunicava a decisão de adotar “as providências possíveis e necessárias” para oferecer transparência às emendas de relator nas operações entre 2020 e 2021.

Dias antes, em 29 de novembro, o Congresso aprovou um projeto de resolução que, supostamente, buscava atender à decisão do STF pela regulamentação das emendas de relator. A proposta dizia ampliar a transparência das verbas, mas ignorava um aspecto fundamental da luta que se trava entre o Legislativo e o Judiciário. Isso porque só previa maior publicidade para as indicações a partir de agora, e não para as emendas relativas a 2020 e a 2021.

Além disso, um ato conjunto assinado por Pacheco e Lira alegava “a não exigência e a inexistência de procedimento preestabelecido por Lei para registro formal das milhares de demandas recebidas pelo Relator-Geral com sugestão de alocação de recursos por parte de parlamentares, prefeitos, governadores, Ministros de Estado, associações, cidadãos, formuladas no dia a dia do exercício dinâmico do mandato”.

Outro trecho do documento citava uma “impossibilidade fática de se estabelecer retroativamente um procedimento para registro das demandas referidas no item anterior”.

Conforme o decreto de Bolsonaro, que se antecipa à ação do Congresso, os ministérios deverão divulgar em suas páginas na internet “as solicitações que justificaram as emendas do relator-geral”.

A Economia, por sua vez, listará em seu site os endereços das páginas dos outros ministérios com as informações sobre a liberação dos recursos.

Leia o decreto:

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