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Presidente da Turquia declara embaixadores de dez países ‘persona non grata’ após apoio a opositor

Segundo comunicado de Recep Tayyip Erdogan, embaixadores serão expulsos do país

Recep Tayyip Erdogan
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O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse neste sábado 23 que os embaixadores de dez países, entre eles França, Alemanha, Canadá e Estados Unidos, serão expulsos por terem divulgado um comunicado de apoio à libertação do opositor Osman Kavala. Este empresário e ativista de 64 anos está preso há quatro anos na Turquia, acusado de tentativa de desestabilização do governo. Erdogan não deu data para a expulsão dos embaixadores.

Em um comunicado divulgado na segunda-feira passada, Canadá, França, Finlândia, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Suécia e Estados Unidos pediram “um acordo justo e rápido para o caso” de Osman Kavala, que se transformou em um dos principais inimigos de Erdogan.

As críticas do governo à atuação do ativista começaram em 2013, quando Kavala foi acusado pela Justiça de ter financiado manifestações em todo o país contra a gestão autoritária de Erdogan, na época ainda chefe de governo. Em julho de 2016, Kavala foi novamente acusado de estar envolvido em uma tentativa frustrada de golpe contra o governo liderado pelo líder ultraconservador. O empresário acabou sendo detido no fim de 2017, sem passar por julgamento.

Em dezembro de 2019, a Corte Europeia dos Direitos Humanos (CEDH) estimou que a detenção do empresário não era baseada em provas e tinha motivação política. O tribunal europeu ordenou, então, a “libertação imediata” de Kavala, mas a sentença foi ignorada pelas autoridades turcas.

Neste sábado 23, durante um discurso em Eskisehir, cidade no noroeste da Turquia, Erdogan explicou suas intenções.

“Ordenei ao nosso ministro das Relações Exteriores que prepare o mais rápido possível a declaração desses dez embaixadores como persona non grata“, disse o chefe de Estado turco. “Deveriam conhecer e compreender a Turquia”, acrescentou sobre os diplomatas, que acusou de “indecência”. “Eles tinham que sair daqui desde o dia em que pararam de enxergar a Turquia”, enfatizou o presidente.

Na quinta-feira, Erdogan havia dito que “os mesmos embaixadores que pedem a libertação do empresário, não pediriam (a soltura) de bandidos, assassinos e terroristas” em seus respectivos países.

Parcialidade da justiça

No dia seguinte, em uma declaração escrita, Osman Kavala afirmou que não fazia sentido para ele participar de seu futuro julgamento, na medida em que era impossível haver um processo justo na Turquia diante das declarações de Erdogan. Um tribunal de Istambul decidiu no início de outubro que Kavala permanecerá na prisão pelo menos até 26 de novembro, apesar das ameaças europeias de sanções contra Ancara.

O Conselho da Europa ameaçou adotar sanções contra o governo turco, que poderiam ser aprovadas em sua próxima sessão, de 30 de novembro a 2 de dezembro, caso o opositor não seja libertado antes dessa data.

Para várias organizações de defesa dos direitos humanos, Kavala é o símbolo da repressão exercida pelo regime contra qualquer manifestação de oposição na Turquia.

Com informações da AFP

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