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Presidente do CFM insiste no tratamento precoce e diz: ‘Somos colocados como negacionistas’
A Covid é uma doença para a qual não há um tratamento reconhecido. Por isso, é possível usar medicações off label, afirmou
O presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, voltou a defender nesta sexta-feira 8 o uso de medicamentos ineficazes no tratamento da Covid-19.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele afirmou que, mesmo após estudos, a ciência ainda não deu uma resposta definitiva sobre o chamado tratamento precoce.
“A Covid é uma doença sobre a qual não sabemos nada. Vou repetir: não sabemos nada sobre essa doença. Todo dia surge algum tipo de nova complicação. O mundo parou em razão dessa doença. Buscamos respostas avidamente, mas a ciência não teve tempo ainda de responder. É uma doença para a qual não há um tratamento reconhecido. Por isso, é possível usar medicações off label; ou seja, que já têm registro na Anvisa para uso contra outras doenças”, disse.
“Um tratamento experimental é um tratamento novo, ainda não reconhecido, para uma doença para a qual já existem outros tratamentos aprovados. Nós permitimos o tratamento com drogas reposicionadas contra a covid-19 na fase inicial, mas não a ozonioterapia, que não é reconhecida para nada no Brasil”, acrescentou.
Segundo ele, metade da população brasileira, ou até mais, quer fazer o tratamento precoce. “De 25% a 30% dos médicos, segundo levantamento nosso, já propõem o tratamento precoce. Metade da classe médica acredita no tratamento, seja pelos trabalhos que lê, seja pela prática diária”, acrescenta.
Ribeiro, que é investigado pela CPI da Covid, disse lamentar a decisão dos senadores. “A verdade vai prevalecer, vamos prestar todos os esclarecimentos, dentro daquilo que temos dito: não apoiamos nenhum tipo de tratamento, nem condenamos. Defendemos, sim, a autonomia do médico, um princípio hipocrático, e vamos defender sempre. O tratamento das doenças está sendo criminalizado no Brasil”.
O presidente do CFM afirmou ainda que “o que está acontecendo hoje é que não podemos questionar nada que somos colocados como negacionistas, como terraplanistas”.
“Isso está errado, temos que discutir as coisas. Estamos diante de uma doença desconhecida, não podemos ter um assunto proibido. Por que se politiza tanto o tratamento no Brasil?”, questionou.
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