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À CPI, Hang assume ter atuado junto a empresas intermediadoras de vacinas
‘Não queríamos os mesmos fornecedores para não atrapalhar a vacinação do SUS’, justificou o empresário


O empresário Luciano Hang admitiu à CPI da Covid durante depoimento nesta quarta-feira 29 ter atuado para comprar vacinas para imunizar os colaboradores da Havan e, com isso, ter entrado em contato com empresas que não atuavam junto ao Ministério da Saúde.
A declaração foi dada ao relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que o questionou sobre afirmação feita pelo diretor-presidente da Belcher Farmacêutica de que Hang e Carlos Wizard teriam atuado para comprar doses da Coronavac. O empresário confirmou a intenção.
“Confirmo que queríamos comprar vacina e compraríamos qualquer tipo de vacina que tivesse no mundo”, disse, posteriormente afirmando o contato com empresas que supostamente vendiam vacinas, mas não atendiam o Ministério da Saúde.
“Fomos no Ministério perguntando se o que queríamos iria prejudicar a vacinação do governo. Eles diziam que já tinham comprado 560 milhões de doses de vacinas. Não queríamos os mesmos fornecedores para não atrapalhar a vacinação do SUS, íamos atrás de outros fornecedores no mundo para que a gente pudesse urgenciar, aumentar a velocidade da fila do SUS”, disse o empresário, anunciando a inteenção de ficar com 50% das doses adquiridas e entregar 50% ao Sistema Único de Saúde.
O empresário admitiu que fez live com a Belcher Farmacêutica, que teria atuado como intermediária da compra do imunizante Convidencia, do laboratório chinês CanSino. A Belcher foi responsável por firmar com o Ministério da Saúde uma intenção de compra de 60 milhões de doses únicas do imunizante no dia 15 de junho, o que geraria um contrato de 5 bilhões, se fechado. A dose negociada era a mais cara dentre todas as vacinas adquiridas pelo Ministério da Saúde, US$ 17.
O processo de aquisição da vacina foi encerrado depois que a Anvisa recebeu, no dia 17 de junho, um comunicado da CanSino afirmando que a Belcher e outro representante autorizado para negociar em nome da empresa, o Instituto Vital Brazil, não tinham mais autorização para representar a farmacêutica no Brasil.
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