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Jogo de azar

Diretor Stephen Frears mostra interesse pelo mundo misterioso das apostas, mas não cria personagens consistentes apresentá-lo

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O DOBRO OU NADA


Stephen Frears

No cinema de desenvolvimento de personagens e situações peculiares em que o inglês Stephen Frears se especializou, o saldo nem sempre tem sido equilibrado. Filmes mais recentes como A Rainha e Chéri trazem protagonistas fortes em embate com seu entorno, no primeiro caso a regente da Grã-Bretanha, no segundo uma cortesã do século XIX que envelhece. São tipos ricos moldados por uma estrutura social com muito a dizer. Não se deu o mesmo no painel da independente jovem de O Retorno de Tamara, e não se dá novamente neste O Dobro ou Nada, estreia da sexta 22, no qual o contexto interessa mais do que quem nele trafega.

O princípio da garota bonita e livre como Tamara torna-se vulgarizado aqui com Beth (Rebecca Hall), garçonete de Las Vegas que quer mais da sorte. Vai parar no que parece ser o lugar certo, um centro de apostas em cavalos dirigido pelo esperto Dink (Bruce Willis). Mais do que tino para o negócio, Beth tem beleza e carisma suficientes para preocupar a mulher de Dink (Catherine Zeta-Jones). Mas frustrada em parte na expectativa amorosa, a jovem arrisca na especialização no novo trabalho e se encrenca, o que Frears resolve num aborrecido e esquemático lance narrativo. O diretor parece, tanto quanto fica o espectador, interessado nesse mundo misterioso dos jogos de aposta. Mas não é o suficiente sem a garantia de personagens consistentes, o que já foi em grande parte a virtude de sua filmografia.

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