Cultura
Sobre o amor e a morte
Ao anunciar sua temporada completa, a São Paulo Companhia de Dança indicou o tema a nortear as coreografias: amor, vida e morte
por Flávia Fontes de Oliveira
Ao anunciar sua temporada completa, a São Paulo Companhia de Dança indicou o tema a nortear as coreografias do ano: amor, vida e morte. As remontagens de Por vos Muero (1996), em junho, do espanhol Nacho Duato, e Petite Mort (1991), em agosto, do tcheco Jirí Kylián, e a criação de Romeu e Julieta, com música de Prokofiev (1891-1953), no fim do ano, pelo italiano Giovanni Di Palma, organizam a ideia central.
O grupo, com 41 bailarinos, deve incorporar ainda outras três criações ao repertório.
Para a diretora da companhia, Inês Bogéa, a divulgação antecipada da programação pode aproximar o público. Os contratos fechados com antecedência sugerem trânsito nacional e internacional entre os artistas da área. “Quando convidamos um coreógrafo, é sempre uma aposta, de ambos os lados. Em uma remontagem, é preciso que o coreógrafo ou o detentor dos diretos da obra conheça o trabalho da Companhia para que valide a capacidade técnica e artística da mesma e autorize que a dancemos.”
As apostas são altas. O alemão Marco Goecke, jovem expoente na Europa (coreógrafo residente do Nederlands Dans Theater), de quem a SPCD já tem em repertório Supernova (2009), assina trabalho inédito. Os brasileiros Luiz Fernando Bongiovanni e Ana Vitória criarão Ateliê Coreográfico, voltado aos jovens.
As remontagens Por vos Muero e Petite Mort são referências na dança, em especial a coreografia de Kylián, considerada obra- -prima da segunda metade do século XX. Nela, seis homens e seis mulheres tratam da fugacidade do prazer, sua beleza e melancolia. Dançá-la exige “uma escuta musical que reverbere no corpo a capacidade de falar dos sentimentos humanos em movimento e uma técnica precisa a serviço da expressividade”.
Por vos Muero, de Duato, une à dança alguns dos poemas de Garcilaso de La Vega (1503-1536) e a música espanhola dos séculos XV e XVI. Foi criada inicialmente para a Companhia Nacional de Danza (CND), da Espanha, e pontua, em sua movimentação, o que escapa no amor, desejo e solidão.
SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA
22 e 23 de fevereiro
Espaço Cultural Pés no Chão, Ilhabela
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