Cultura

Longe da pororoca

O compositor e cantor Saulo Duarte vem do Pará, mas pouco tem mais a ver com Tulipa Ruiz e Odair José do que com Gaby Amarantos

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Por Tárik de Souza

Saulo Duarte e a Unidade


Baritone Records


ybmusic

O compositor e cantor Saulo Duarte vem do Pará. Mas pouco tem a ver com a nova pororoca musical da região, a de artistas tão diversos quanto Gaby Amarantos, Felipe Cordeiro, Gang do Eletro e Dona Onete. Ele começou a carreira no Ceará, onde conheceu um dos produtores do disco, Carlos Eduardo Miranda. “Eu o encontrei na Feira da Música de Fortaleza, falei do trabalho em produção, mandei o que tinha gravado, ainda cru, e ele curtiu bastante”, contou no texto de apresentação. “Ele coordenou a gravação de uns overdubs e produziu o disco com o Mauricio Tagliari.” Saulo Duarte e a Unidade justifica o título no rigor do entrosamento do solista (guitarra e voz) com Beto Gibbs (bateria), João Eduardo (guitarra), Klaus Sena (baixo), Túlio Bias (percussão) e, principalmente, João Lelo, responsável pela cama de teclados e timbres de órgão.

O mais notório ritmo paraense pontifica apenas na faixa Mistério no Olhar (carimbó invadindo a cidade/ e a gente dançando em Belém do Pará/ há um quê de pecado ao sul do Equador). Também surgem salpicos do estilo guitarrada ao longo do disco, e até um saltitante e divertido reggae, Manda Ela Comprar um Iglu. Mas sua atmosfera é de uma pós-jovem guarda e baladismos derivados (Essa Semana), como ainda em Nada pra Depois. Uma pitada de Odair José condimenta Não Vale a Pena, enquanto a sacudida Amor de Piração (eu te dou amor/ e você o que é que dá?) embute um recitativo à feição do maluco beleza capixaba Sérgio Sampaio.

A voz eventualmente soul de Saulo casa-se em comunhão calibrada com Tulipa Ruiz, em Onze Horas. E um violão jorgebenjoriano pontua Que Massa, ode de amor e ódio a São Paulo, onde Saulo estabeleceu sua unidade de artista polimorfo.

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