CartaExpressa
‘Poste-Geral’: USP arquiva representação de Aras contra professor, mas PGR insiste em processo
O chefe do MPF acusou Hübner Mendes de usar ‘termos que exorbitam da crítica ácida para flertar com a calúnia’


A Comissão de Ética da USP arquivou uma representação do procurador-geral da República, Augusto Aras, contra o professor de Direito Constitucional Conrado Hübner Mendes. O chefe do MPF alega que Mendes utilizou, em críticas nas redes sociais, “termos que exorbitam da crítica ácida para flertar com o escárnio e a calúnia”.
Decisão da comissão da USP divulgada nesta quarta-feira 1 pelo jornal Folha de S.Paulo, porém, alerta “para o risco de que altas autoridades da República busquem valer-se das instâncias universitárias para contemplar interesses e demandas estranhos a estas, especialmente o de coibir críticas fundamentadas e legítimas que constituem tanto dever quanto direito de todo e qualquer cidadão, em especial de um professor universitário”.
Na Comissão de Ética da universidade, a decisão foi unânime. Mas Aras segue na pressão sobre Hübner Mendes na Justiça. Na semana passada, o PGR recorreu da decisão de uma magistrada do Distrito Federal que rejeitou uma queixa-crime apresentada por ele contra o professor.
Aras acusa Hübner Mendes de calúnia, injúria e difamação por ser chamado de “Poste-Geral da República” e “servo do presidente”. Segundo a decisão da juíza Pollyanna Martins Alves, entretanto, a liberdade de expressão e a imprensa livre são pilares de uma sociedade democrática, aberta e plural.
No recurso, Aras argumenta que, ao alegar que a manifestação do professor está protegida pela liberdade de expressão, a magistrada não estaria considerando a “inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Senadores recorrem ao STF de decisão que arquivou denúncia contra Aras
Por Estadão Conteúdo
Por 55 a 10, Senado aprova a recondução de Aras ao comando da PGR
Por Leonardo Miazzo
MPF em Mossoró processa a União por danos morais causados por Moro e pela Lava Jato
Por Leonardo Miazzo