Economia

A semana do mercado #25 – Caixa e BB pioram o clima ao deixarem a Febraban por causa de manifesto

O editor de Finanças William Salasar apresenta as principais tendências da abertura dos mercados nesta segunda-feira 30

Agência da Caixa Econômica Federal, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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As estimativas dos economistas do mercado financeiro consultados semanalmente pelo Banco Cental para a elaboração do seu Relatório Focus mostraram uma clara deterioração dos fundamentos econômicos do País, na edição divulgada nesta manhã. A expectativa para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo em 2021 subiu de 7,11% para 7,27%, na 21ª alta consecutiva. Para 2022, a projeção avançou de 3,93% para 3,95%, na 6ª revisão seguida para cima. Já a projeção para o Produto Interno Bruto em 2021 caiu de 5,27% para 5,22%, na 3ª revisão seguida para baixo. Para 2022, a projeção se manteve em 2,00%.

E o PIB do 2º trimestre é, justamente, o principal indicador desta semana, com as expectativas de 0,1% na margem, em linha com o resultado da proxy mensal do PIB, o IBC-Br, que também avançou nessa taxa tendente a zero. O resultado deve refletir o desempenho heterogêneo entre os grandes setores no trimestre, com o varejo (+3,0%) e o setor de serviços (+2,0%) impulsionados pela reabertura das atividades, enquanto a indústria (-2,5%) enfrenta problemas com desarranjo das cadeias produtivas e desabastecimento de insumos. A agropecuária também deve pesar negativamente, afetada pelos choques climáticos adversos. Apesar de próximo à estabilidade, este pode ser o 4º resultado positivo seguido, com expectativa de nova expansão neste 3º trimestre, refletindo a continuidade do movimento de reabertura.

Contra esse pano de fundo, a bolsa abriu a semana em baixa, depois de o índice Bovespa ter subido 1,65% na última sexta-feira, estimulada, como no resto dos mercados mundiais, pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a possibilidade de corte dos estímulos do Fed no fim de 2021, mas sem perspectiva de elevação dos juros nos Estados Unidos ainda.

Por aqui, os ruídos políticos e fiscais pressionam em particular os bancos que registram perdas por receios de mais retaliação por parte do governo ao setor financeiro depois de notícias de que a Federação Brasileira dos Bancos pretendia assinar um manifesto com pedido de harmonia entre os Três Poderes. Em retaliação, a Caixa e o Banco do Brasil anunciaram que deixarão a Febraban, por entenderem que a entidade estaria sendo “política” e assumindo uma atitude de oposição ao governo Bolsonaro. O manifesto que seria divulgado amanhã pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo assinala: “A sociedade civil espera, e o momento exige, serenidade, diálogo, pacificação política e institucional, e, sobretudo, foco nas reformas tão urgentes”, diz o manifesto.

Analistas viram na atitude dos bancos estatais uma ameaça às instituições privadas. O Banco Itaú, em seu boletim matinal a clientes, afirmou: “A preocupação é que a saída dos bancos possa piorar o clima de desconfiança dos mercados e aumentar os riscos de crise institucional”. Para a casa de análises Levante Ideias de Investimento, “os ruídos devem trazer consequências negativas para o setor bancário nesta segunda-feira”. Já o estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos, advertiu que “poderia haver alguma medida da reforma tributária para taxar mais os bancos ou algum outro tipo de votação adiante que prejudique o setor por conta dos bancos estarem sendo mais vocais em críticas ao governo”.

Por volta das 14h, a ação de Banco do Brasil caia 0,18%, para 30,35 reais. Itaú Unibanco baixava 0,16% para 30,60 reais. Bradesco registrava queda de 0,16% para 23,13 reais. Santander operava em baixa de 0,13% a 41,51 reais. Mais cedo, as ações de bancos chegaram a recuar até 1%. O Ibovespa estava em queda de 0,34% a 120.260 pontos.

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